VIGILANTE–XV– DE IDENTIDADES CONFIRMADAS E REFLEXÕES DE GARROTEADORES
Se soubesse de tudo isso, Denise Mansuetto, nem teria virado “o” senhor X. Talvez nem existisse a Denise que hoje vemos hoje: chefiando a poderosa Mansuetto Tech de maneira extremamente eficiente e lucrativa, com o apoio do conselho de acionistas.
Os funcionários a amavam também. Um ou outro a odiava. Mas estes não foram nada bem nos cursos de implantação da nova cultura empresarial de Denise. Discordavam dos valores de empatia com o mundo, política de proteção ao meio ambiente, ousadia, pensar fora da caixa e vestir a camisa do time da Mansuetto com paixão.
Para a velha guarda, o medo era necessário. Temer a empresa. Borrar-se ao tomar uma bronca humilhante do patrão – Paulo, pai de Denise – e fazer borrar de medo sua equipe e demais subordinados, numa cadeia de humilhação e violência psicológica que vinha de Paulo Mansuetto lá no alto e acabava, não raro, na rua.
Pobres pedestres as vezes entravam por engano no prédio e podiam, dependendo do dia, ser sumariamente despachados pela rua por um pontapé de algum segurança humilhado por uma dessas revoltantes broncas.
Estes homens da velha guarda, leais a seu pai, jamais a aceitariam, nem receberiam ordens de uma mulher.
Foram bem claros.
Expuseram isso cada um com suas palavras na primeira reunião do conselho da Mansuetto Tech presidido por Denise.
A velha guarda atacou baixíssimo. Exibiu velhos nudes de Denise Monsuetto, achados sabe-se lá em que arquivo secreto de algum tarado por fotos de menores peladas ou transando.
Pois foi o que Denise fez. Deixou seu namorado filmar a transa. Iam cada um para um canto. Ele ia para Florianopólis, fazer o melhor curso de mecatrônica que encontrou. Ela para Boston, cursar redação criativa e direito em Harvard.
Queriam, ambos uma lembrancinha para “homenagearem-se” quando bem quisessem.
E fizeram muito sexo virtual também.
Coisas que, ao fim do romance, acabaram vazando, tanto por descaso dela, quanto por desespero dele.
Impossível condenar alguém por mandar um nude nesse mundo.
A velha guarda da Mansuetto foi demitida. Os nudes vazaram para a imprensa. Foi um inferno durante 03 meses. Depois outro escândalo maior estourou e os nudes de Denise viraram notícia velha.
Mas a velha guarda está sempre aí.
E alguns, como Figueiredo, além de rançosos, eram assassinos.
E se soubesse disso, nenhuma palavra escrita nem falada seria necessária.
As lâminas gritariam seu desespero na carne gorda de Figueiredo.
Para sua sorte, Denise nem desconfia dele.
E Graças à sua lábia, ela vêm aproximando-se cada vez mais dos seus planos para a vigilante-empresária.
Seja nas conversas sobre o pai e o que ele pensava dela que começaram a manter desde o velório, seja nos seus mais dispensáveis capangas, mandados intencionalmente para sondar o inimigo, “senhor” X com nanosensores de matéria ribossômica.
Com eles é possível criar um mapa genético da criatura escaneada. E assim saber absolutamente tudo sobre ela.
Inclusive a melhor maneira de a atacar.
E com eles, soube com certeza que o senhor X era, na verdade Denise Mansuetto.
A mulher que escolhera para ser sua cúmplice amante.
A mulher que mexia com seus culhões e coração.
O último amor de um advogado cincoentão que, por acaso é o Garroteador, o serial killer que este mesmo amor quer matar.
Ó horror. Teu nome é mundo. Onde a única regra natural para permanecer vivo é não ser comido.
Nem ficar louco....
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Mande fumo pro Curupira