VIGILANTE–VIII–DEVANEIO NA BOCA DE JOHNNY TUBARÃO

 

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Duas noites antes da reunião do Detetive S.

Depois de um ano, Denise ainda não se fartara de fazer justiça com as próprias mãos.

Muito pelo contrário, superado o trauma da revelação inicial, o terrível choque da morte inocente e profética do maltrapilho, ela quis mais.

Pois não avia sido chamada de redentora pelo próprio maltrapilho que matara. Só isso já a justificava. Fora um sacrifício que marcou seu batismo nas ruas. Porém, não era tudo.

Havia a boa fama.

Embora polêmica, sua vigilante – que havia se tornado ele, pois quem acreditaria que uma mulher fosse capaz de algo tão violento – despertava admiração e aprovação em boa parte da população.

Incluindo policiais que a e amavam por limpar as ruas definitivamente poupando o trabalho de prender um bandido para logo depois ter a decepção de vê-lo solto novamente. Os tiras deliravam com ela, chamavam-na de senhor X.

E ela nunca sentira-se tão inteira, como se interiormente abraçasse aquela identidade masculina imaginada pela população e nomeada pelos policiais, e com ela tornasse-se uma.

Com um cara desses na cabeça, quem precisava de outro homem?

E quando sentia a pele de carbono envolvendo seu corpo, era como se sua personalidade deixasse de existir. Só havia vida na lâmina. Que era escolhida cuidadosamente caso a caso.

Como agora...

Iria atacar a boca de porco de Johnny Tubarão. O grande traficante de crack do Parque Azevedo.

Preferira uma espada média. E uma faca com uma lâmina tang de 15 cms Iria ataca-lo a curta distância.

Para isso, planejara cuidadosamente seu disfarce. Por cima do traje sombra, vestia a mesma manta velha, usada e mal cheirosa que vestia o maltrapilho por ela sacrificado em sua primeira incursão nas ruas.

Depois houve mais.

Muito mais.

O suficiente para ser chamada de serial killer, vigilante, justiceiro, vingador, psicopata, anjo da morte e outros epítetos mais ou menos elogiosos.

O suficiente para ela depurar seu método e em cada ação planejar a estratégia mais eficiente e letal.

E ia pensando nisso enquanto esperava num beco com mais um bom bando de pessoas loucas pela primeira ou por mais uma dose, todos esperando Johnny Tubarão.