VIGILANTE–VII–O DETETIVE S

 

 

Um ano depois, na Delegacia de Homicídios da capital paulista, o detetive S iniciava uma investigação delicada com os investigadores civis e militares:

--- Bom dia. Estamos aqui para uma dupla investigação. Uma série de homicídios feitos por um vigilante e outra para o assuntos internos. Negligência Policial. Sei que todos estão se desculpando com as pseudo delações premiadas anônimas que circulam por aí. Mas a pra mim isso é apenas negligência para encobrir as ações de um doente mental criminoso e, justamente por isto, violentíssimo e altamente perigoso.

--- Por eliminar as pessoas certas – disse um cadete engolindo um súbito sorriso produzido pelo calor do momento.

S. riu. Era casca grossa, descartou o cadete com um gesto:

--- Diligência é diligência, negligência é negligência, filho, trate de educar-se enquanto jovem. Isso é uma diligência policial e deve ser tratada como tal – disse S.

Continuou a apresentação:

--- Não temos suspeitos justamente por este tipo de raciocínio. Esse vai para os assuntos internos que não é comigo, entendido. Cadete, gostaria de conversar com o pessoal dos assuntos internos?

--- Não senhor.

--- Não falte jamais com a diligência cadete. Jamais. Que isto não se repita – emendou S. Depois retomou o ritmo.

--- Não temos suspeitos porque policiais locais o adoram e escondem o filho da puta sacana e doente mental debaixo das asas da lei. E agora deixaram-no cagar aqui. Na minha jurisdição. Nãos sentem o cheiro de merda no ar? Quem cagou que a limpe. Não quero saber nem quem foi. Porque desta vez estamos cagando a beça. E ninguém quer os assuntos internos nessa parada, estou enganado?

Silêncio.

--- Muito bem, pouco importa a opinião de nós tiras para os assuntos internos da Federal. Eles acham que somos maus exemplos. E todos nas ruas estão loucos para ser vigilantes também. Eles se a acham melhores que nós. Imaginem sua paranoia. Não quero encrenca para o meu lado e fui encarregado dessa força tarefa antivigilante. Status de Comandante entendido, senhores.

--- Sim Senhor.

--- Muito bem, temos trabalho pela frente. Agiremos com firmeza e, na medida do possível, como está no “manual”, correto?

--- Sim Senhor.

--- Vamos limpar esta merda então, rapazes!

O detetive S queimou de prazer ao ouvir a pronta resposta de sua equipe.

--- Sim senhor, senhor!