O HOMEM TORTO–VI–ATAQUE MORTAL
Quando o Homem Torto emergiu do bosque e saltou em direção à jugular de Arnaldo, não houve tempo para disparar.
No impacto, O Homem Torto caiu por sobre Arnaldo. Ele soltou o revolver e caiu com a fera por cima dele. Houve tempo apenas de Arnaldo proteger o pescoço, antes das garras do Homem Torto começarem a talhar seus braços.
Gritava de dor, mas não baixava guarda. Apesar da dor extrema, sabia que, caso o fizesse, aquilo seria seu fim.
Ana, antes que pudesse pensar correu para ajudar Arnaldo. Quando chegou à luta, o Homem Torto lançou uma das pernas para trás e cravou uma garra inteira na coxa de Ana, ela não sentiu. Adrenalina a mil, pulou sobre o Homem Torto.
Seu ataque torceu a garra cravada na coxa de Ana até a base do dedo que a sustentava. A torção arrancou a garra dos pés tortos da criatura.
O Homem Torto gritou de dor e com as costas das mãos desferiu um golpe em Ana e a jogou para longe.
Os brilhantes olhos sanguíneos voltaram-se para Arnaldo, ainda sob suas pernas retorcidas.
Com as garras dos braços, recomeçou a cortar os antebraços e mãos de Arnaldo abrindo caminho para o pescoço e a jugular, rasgando carne e osso em seu caminho para o golpe fatal.
Ana, ao cair no asfalto, perdeu o fôlego com a força do impacto. Recuperou o ar. Viu Arnaldo sendo retalhado selvagemente pelo homem-fera. Com um gemido alto e doloroso usou todas as suas forças para retirar a garra da criatura cravada em sua coxa.
Retirou. Empunhou a garra. Era grande e afiada. A sensação foi a de ter nas mãos algo cuja natureza não era deste mundo. Sentia uma energia estranha, inexplicável e inumana emanando daquela garra.
O transe durou instantes e rompeu-se quando Ana percebeu que caíra perto da arma de fogo. Levantou-se e a alcançou.
Com o revolver numa mão e a garra em outra, avançou para criatura atirando até esvaziar a arma.
As balas abriam feridas nas costas recurvadas e peludas da criatura, mas ela não parava de atacar Arnaldo. As feridas do Homem Torto, para espanto de Ana, cicatrizavam-se instantemente.
Em puro desespero, Ana, desceu a garra como se fosse uma faca na nuca do Homem Torto e o talhou num corte fundo que desceu até suas omoplatas.
Sangue espesso e escuro jorrou do corte, e desta vez a ferida não se fechou. O Homem Torto voltou-se para Ana num urro de dor. Os olhos flamejantes e tintos encaravam-na, as orelhas pontudas e felinas voltadas para trás.
Mas Ana foi mais rápida. Estava tomada pelo poder sobrenatural da garra e antes que o Homem Torto desferisse seu golpe, Ana investiu contra ele.
Com toda força, cravou a garra no olho esquerdo do Homem-Torto. A curva da garra afiada varou o brilho sobrenatural dos olhos do monstro e penetrou fundo no tecido mole do globo ocular.
Ana enterrou ainda mais a garra por dentro da cavidade ocular, rumo ao cérebro da criatura.
Ela ficou satisfeita ao ver o líquido ocular escorrer por sobre o rosto animalesco do Homem-Torto.
Quando sentiu a garra afundar-se nos miolos do Homem Torto, Ana gritou e a puxou com toda a força.
Ao sair do Homem-Torto, a garra estourou sua cabeça, dando cabo de sua longa existência mítica. Seu corpo tremia em suas convulsões finais. Depois de longos instantes parou para nunca mais se mover. O Homem Torto finalmente fora apresentado a morte.
Ana levantou-se dolorida e ofegante do corpo retorcido e disforme da criatura. Viu os pedaços de cérebro, sangue, e couro cabeludo que espalhavam-se pelo asfalto e pelo seu corpo. Em frenesi de choque largou a garra e começou a arremessa-los para longe de si
--- Ana...
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Mande fumo pro Curupira