AS CRÔNICAS FANTÁSTICAS DO IMPÉRIO ALMEIDA–A OPERAÇÃO

------------INTERLÚDIO

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A escuridão é morna e acolhedora. Nada sinto aqui. Mas de repente tudo explode a minha volta. Modelos matemáticos de algoritmos transdimensionais criptografados. Claros, limpos, harmônicos como uma tocata em fuga. Começo a gostar das imagens. Peço mais e mais....

Os cálculos brilhantes, as fantásticas engrenagens de uma operação titânica. O Império Almeida diante de meus olhos.

Mandalas de bufunfa entrando em minha cabeça como lufadas violentas de ar.

Então percebo que não há ar para respirar. Sufoco, sinto a glote fechar, mas não há garganta. Não há nada, nada sólido aqui. Tudo imaterial, inumano, inimaginável.

Estou em um lugar impossível de definir, nem vivo nem morto, mas flutuando em traços, uma equação de química orgânica, um complexo de carbono consciente flutuando em meio às luzes e mistérios de um abstrato paraíso financeiro.

Sinto algo tremer. Meus olhos vazando.

--- Anetesista, sangue nos olhos. Analise o opiáceos dos chips neurais. Ele está reagindo ao gel condutor. Cuide disto por favor.

--- Mais 5 mg de ópiumtetradoxinado, doutor.

O médico hesita, instrumento na mão:

--- Ele vai ver tudo, não vai? O Dr. Almeida faz questão de que tudo fique explicitamente definido para esse coitado.

--- Quem sabe, sr. Não houve tempo para mais testes com o gel condutor. Sim ele verá. Como num sonho. Tudo subjetivo. Absolutamente imprevisível.

--- O cérebro permanecerá funcional?

--- 75% de chances dr.

--- Será o suficiente. Acione a conexão neural.

O anestesista inicializa o sistema de transmissão química de dados com as diretrizes de Afonso Soares de Almeida.

A operação continua.

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