AS CRÔNICAS FANTÁSTICAS DO IMPÉRIO ALMEIDA–MORTE EM VIDA

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Mas, quando desviei o olhar da poça, Mariana sorriu para mim  e começou a caminhar sacudindo-se inteira...

Acho que até a Ciber Consciência Almeida se apaixonou...

Bela e terrível. Um anjo exterminador rebolando pelos corredores mal iluminados da Prisão Tática da Policia Terrestre.

Sinceramente, depois que a vi assim, não me importei mais com o sangue do morto. Nem em recordar. Nem com nada. Só Mariana existia em minha cabeça de jovem envelhecido até a decrepitude.

Era triste demais.

Não me contive. Saquei o redutor sonoro do bolso especial da cadeira de rodas toda hightech e cantei a melodia que fizera para ela lembrar de mim. Uma balada de reconhecimento surreal que falava de um jovem que envelheceu artificialmente e que a olhava bem agora, ela, eternamente jovem... Linda, bela, poesia encarnada, ela, Mariana.

Falei tudo isso para ela com o redutor sonoro. Mas ela interpretou mal...

Voltou-se para mim e lascou-me uma tremenda bofetada na cara.

--- Velho safado. Como se atreve? Tocando esse instrumento que foi de meu amor. Como o conseguiu – nova bofetada, desta vez do outro lado do rosto– Não respeita um homem morto, velho tarado. Sei o que sonha fazer comigo, seu merda. Pensa que não sei é. Sou mulher, percebo. Escroto do caralho. Se não fosse amigo de meu pai, te matava de porrada. Fazer serenata para mim numa hora desta – outra bofetada.

Compreendi, entre uma bofetada e outra, que Mariana acreditava que eu estava morto. Jamais me aceitaria vivo e preso neste corpo.

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