AS CRÔNICAS FANTÁSTICAS DO IMPÉRIO ALMEIDA–O COMPOSITOR POPULAR E MARIANA

       plutao

Eu sou um mero compositor popular nascido na colônia mineral de Plutão. Gostava de fazer pockets shows etéricos em tempo real para levar uma vida fácil. Assim me livrava de trabalhar com a mineração pesada no núcleo do planeta.

Ela, aristocrata da Métropole Terrestre.

          metropole terrestre


Cidadã privilegiada com o título de Conselheira das Músicas Siderais.

Pois amava música. E as loucuras da dança e das baladas chapantes. Noites e mais noites passava nelas. Chapada total. Os dias passava em intermináveis reuniões sociais para arrecadação de fundos para os artistas oprimidos inter-planetários.

Mariana Olenski, podia ser louca, mas importava-se com o que fazia. Gostava de mim. Dançava como louca minhas baladas holográficas surreais.

Eu a olhava enquanto tocava, era mais bela quando louca, uma ninfa flutuando em danças antigravitacionais pelo palco aéreo. Ela percebeu. Sorriu e veio direto prá mim.


Tetrametanfetamina na cuca. Beijou-me e foi embora dançando pelo ar. Foi o que bastou para mim, aristocrata, louca ou não, por ela me apaixonei. E ela por mim. Noites perfeitas incontáveis eu e ela, amava-nos.

O amor nascido na loucura dos boulevares transvirtuais, onde a música era recheada de notas subsônicas, eu tocando, ela curtindo.

Tocava um Redutor Sonoro, o mais popular instrumento de cordas de meu planeta natal, Plutão. meu sustento e meu poema. Era artista, ocioso e criativo.

Um dia Mariana, lúcida, veio aos bastidores e disparou na lata, bem na minha cara

--- Acompanho sua carreira. Essa eterna vagabundagem... Sabe qual seu problema? Você não pensa em ganhar dinheiro. Você tem talento prá isso. Quer decolar de verdade? É só me ligar, e me passou seu número.

Falou séria, pois levava a música a sério, eu não, ria-me do que fazia. Divertia-me pacas, e ganhava bem mais do que precisava, era livre na medida que um homem apaixonado por uma louca mecenas das artes podia ser.

Mas nunca tive tempo de pensar nisso.

No dia seguinte da sua visita, gentilmente os agentes da Rebelião mostraram suas garras. Levei uma baita surra. “Voluntariaram-me” para servir de agente secreto junto aos Olenski

A família de Mariana era neo aristocrata muskniana com informações privilegiadas e controle da censura artística de todo o Cosmo Conhecido. E com linha direta com Musk II, este sádico sideral odioso que nos ferra sem que saibamos. Para isto deveria ligar para Mariana, a ovelha negra, como a Rebalião a chamava.

E sempre livre, o lema da rebelião, passou a ser o meu também. Falava forçado. Tinha que falar sempre que terminava uma transmissão do Comandante Avila. Nunca gostei disso.

Mas era a Rebelião ou a vida. Escolhi sobreviver.

E liguei para Mariana.

Marcamos um encontro num café.

Confessei tudo para ela, tocando a mais triste sonata de amor que podia conceber. Ela calou minha boca com um beijo. Depois:

--- Shhhh. Tudo bem. Se a Rebelião me quer, a mim terá, mas nos meus termos.

E mudou todos os planos da Rebelião.


Mariana queria ferrar Musk II a sua maneira. Abri uma linha direta com a Rebelião. Ela mandou seu recado. E os Rebeldes o adoraram.

O plano original era raptá-la.

Mesmo ovelha negra, era o docinho de coco do papai, valia muito para a Rebelião. Grana e informação privilegiada.

Queriam que eu a levasse para um cativeiro em Saturno e de lá para Titã, centro da Rebelião.

Mas ela mudou tudo. Iria de vontade própria. Forneceria seus códigos metafísicos para a Rebelião. E os rebeldes a adoraram.

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