AS CRÔNICAS FANTÁSTICAS DO IMPÉRIO ALMEIDA–ONLINE E OPERANDO
--- Sistema operando, senhor. Totalmente funcional. Baixando backup para o córtex do voluntário.
Musk II perde consistência. Pixeis contraem-se em meus olhos. Explodem.
Tornam-se a imagem do velho rindo da minha cara.
--- Rurorarara.
Toda aquela irrealidade contrai-se num último remoinho de diretrizes neurais rumo a uma escuridão fria, vazia e líquida a minha volta. Mergulho nela, alívio, a inconsciência.
Na sala de operação, o médico desabotoa o traje pressurizado. Suava a beça. Os olhos abertos, tensos e adrenalizados...
Relaxou. Seu trabalho terminara. A anestesista faz o mesmo. Não tinham a mínima ideia do que o bug poderia acarretar.
Não estava nem aí. Isso era problema dos engenheiros de softwares. A missão deles era preservar o cérebro. Fora bem cumprida. A anestesista convida o médico para um drink:
--- Depois dessa, um malte cowboy prá mim. E você?
--- Toma um por mim. Vou de café. Tenho mais trabalho pela frente. Ofereça para ele – aponta o paciente na mesa de operações – o cara vai precisar de um quando acordar. Agora vou trabalhar no androide sintético do Velho.
Retiraram seus trajes pressurizados e tentaram sair da sala de operações. Em vão. A porta fechada hermeticamente estava selada. Um gás saiu dos exaustores de ar. Eles tiveram tempo apenas para reconhecer seu cheiro. Haviam criado essa neurotoxina assassina que cheirava a maçã podre.
Um momento depois estavam mortos Ninguém que participara do projeto secreto sobreviveria para contar a história. Todos estavam, de um jeito de outro, morrendo nesse mesmo instante.
Na mesa vertical antigravitacional, braços e pernas formando um x, flutuava um velho de 75 anos.
Entre os cadáveres, sonhava com um amor perdido, horas arás, quando era um jovem malandro otário.
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Mande fumo pro Curupira