AS CRÔNICAS FANTÁSTICAS DO IMPÉRIO ALMEIDA–DEVORADA VIVA
O bando encima dela. Mordendo. Pequenos dentes estalando em fúria selvagem em sua carne.
Pequenos pedaço dela eram arrancados por aqueles dentes impossíveis. Mariana mal os sentia. Sua verdadeira dor e horror era sentir-se devorada viva.
Não chegava a morrer, longe disso. Os cibercirugiões da prisão a regeneravam num piscar de olhos.
E era devorada viva de novo.
Inúmeras vezes em horários diferentes, em diferentes partes do corpo, as ratazanas a devoravam com suas pequenas mandíbulas de tubarão.
Mariana já não encontrava epifanias para defender-se de maneira consciente. Então, quando um dia estava prestes a ser atacada, num último de vontade, fragmentou sua consciência. ]
Sua mente dissolveu-se numa única imagem. Um redutor sonoro. Depois explodiu em incontáveis pixeis de informação.
Pequenos pedaço de consciência. Cacos. Mas claros, nítidos e vibrantes para produzir uma sinestesia, uma neurotrip préprogramada forte o suficiente para ela, mesmo de maneira inconsciente, segurar a onda.
Mãos dadas com cacos etéreos do amor.
Então, algumas horas depois, os Analistas Cerebrais finalmente concluíram que estava pronta para a extração.
Quando Mariana se viu novamente na sala de interrogatório, presos pulsos e tornozelos por holografias sólidas, conseguiu restaurar a imagem do Redutor Sonoro. E, ao fazê-lo, coordenar sua sinestesia, transforma-la em melodia, epifanias matemáticas de significados.
Os que compunham sua consciência.
E, num piscar de olhos, reassumiu o controle de si mesma.
Sua contrassenha neurohacker de emergência para os horrores de Musk II funcionara perfeitamente.
Estava pronta.
Eles que viessem, fucking bastards!
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