AS CRÔNICAS FANTÁSTICAS DO IMPÉRIO ALMEIDA–O RISO QUÂNTICO PARTE FINAL.
--- OZARK – FORTALEZA DE MARIANA EM MERCÚRIO
A mente do sintozoide tremulou. Captara uma interferência forte, um sinal de tambores que aceleravam os spins de sua mente cósmica.
Concentrou-se e focou parte de sua energia em Mariana. Retardou a gestação criando um elo com o Martinium do feto.
Aproximou-se de Mariana e a tocou.
Mariana caiu inconsciente.
Então Mark I concentrou-se na transmissão.
Com um gesto repassou o sinal dos tambores para os monitores de Mariana. Estes ganharam vida, o batuque evocava um ser alienígena cuja mente era puro caos, destruição, insanidade e morte. Não havia nenhum sinal humano de dúvida, apenas a necessidade de eliminar quem quer que não fosse ele.
Súbito os sons fizeram uma sinestesia e converteram-se em imagens.
Mostravam o Judeu Errante.
----- MARTE – NÁUTILUS – ENFERMARIA
Tainá, de repente, gritou.
Em sua mente, Cacau estertorava estrangulada por um punho inumano e forte. Mas transmitia com as técnicas sinestésicas yorubás sua morte. Mas algo mais também.
Ao lado da morena, uma imagem de Musk II. Ele tremia apavorado. Sua pele fervia e tremulava descontrolada. Como se fosse explodir.
--- OZARK – MERCÚRIO – FORTALEZA DE MARIANA.
Mark I observava o estrambólico Judeu Errante estrangular uma morena – que reconheceu ser Cacau - que dava tudo de si em tambores quadrifônicos tunados com tecnologia desconhecida. Era insuportável, teve que diminuir o volume.
---- TERRA – SURVIVAL MODEL TESLA
Musk II tremia de horror. Queria rir até explodir. A energia desencadeada por um ser mais poderoso que ele seria impossível de conter. Ele morreria.
E o encanto do batuque de Cacau o sintonizava diretamente com o terrível riso da criatura alienígena. Viu o ser mal se contendo de rir, sentiu um vínculo com ele, partilhavam o mesmo encanto arcano holecraftiano, não conseguiu evitar o riso formar-se dentro de si, armando-se para explodir como se alguém tivesse tirado o pino de uma granada.
Desligou o transmissor. Tarde demais.
O riso enchia-lhe o estômago agora, subia, incontrolável, inexplicável, misturado com tudo o que mais admirava, suas luxúrias extravagantes, a imagem fálica de sua prótese. Tudo lhe pareceu motivo de riso. E quando finalmente Cacau deu o último toque do tambor, esvaindo-se no esforço, os punhos poderosos estourando sua traquéia, pode ouvir o riso da criatura.
Contagiante.
Algo dentro de Musk II, ancião e primal, a essência de seu horrível pacto estremeceu e riu junto.
Foi o que bastou para soltar um riso incontrolável. Ainda teve tempo de imaginar uma mão soltando o pino da granada e pensar.
“Morri”.
Foi a última coisa que pensou antes que suas gargalhadas hexadimensionais provocassem um buraco negro no espaço-tempo.
E a singularidade devorou o Survival Model, sua gravidade densa dobrando em camadas a capsula de fuga espacial onde ainda era possível ouvir desesperados risos de horror e morte.
Foram estes risos inumanos que arrancaram lágrimas de satisfação de Cacau enquanto exalava seu último batuque.
“Um inimigo a menos.”
Mas restava o Judeu Errante.
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Mande fumo pro Curupira