AS CRÔNICAS FANTÁSTICAS DO IMPÉRIO ALMEIDA III–A EXCEÇÃO DE TODAS AS EXCEÇÕES

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---- OZARK – FORTALEZA DE MARIANA EM MERCÚRIO

O esforço para retransmitir o batuque sub-etérico de Cacau e controlar a gestação inumana de Mariana foi demais até para o sintozoide.

Enfraquecido, não pode mais conter a criança no ventre de Mariana.

Nesse instante ela acordou.

Ela sentiu um pulsar na barriga. Um comichão no ventre, o útero subitamente sendo preenchido, uma contração.

Algo crescia dentro dela.

Olhou para Mark I. Ele estava ofegante como se exausto, mas totalmente embevecido, podia perceber, queria ser pai. E essa vontade superava qualquer que fosse seu cansaço. Ele lhe sorria.

Seu sorriso era lindo, inumano, mas brilhante, quase onírico.

Ela chorou... Mal conseguia conceber o que carregava dentro de si.

A exceção de todas as exceções.

O “genoma” de um mineral inteligente fundindo-se com outro humano. Bem no meio de seu ser. Outra vida. “Mãe, disso, eu, Cosmo querido, ajuda-me” pensou desesperada, totalmente abalada com a situação bizarra.

Um mineral vivo feito carne em suas entranhas.

Agitando-se, tomando posse, ditando movimentos à sua barriga. Acomodando-se dentro dela, crescendo rapidamente.

--- Falta pouco, meu amor, em pouco tempo seremos uma família – Mark I falou docemente em seus ouvidos depois de uma injeção anestésica habilmente aplicada na nuca.

Mariana, já com o sistema nervoso central entorpecido e sonolento pela droga, registrou o fato que, quando acordasse, seria mãe de uma criatura que jamais acreditaria ser possível de existir.

Foi então que percebeu... todos os seus planos, suas habilidades, ela mesma enquanto ser humano... Nada mais importava.

Foi então gritou até quase perder os sentidos.

--- Tire essa porra de mim, seu filho da mãe. Vc manipula as cordas, sacana. Tira o Martinium de mim agora. Quero ter uma gestação natural, pelo menos. E Quero ir para Marte resolver uma situação, imbecil.

Mark I imediatamente tirou o sorriso besta de pai de seu rosto. Rugas estranhas formaram-se em seu rosto de Martinium, num átimo de segundo.

Então falou:

--- Você abortará! A criança, sem o mineral não resistirá.

--- Que vá, ele seria infeliz nesse inferno, trouxa do caralho. Um experimento aleatório inconsciente teu. Que é, no fim das contas, um experimento consciente, é isso o que você quer? Isso é vida para você, porque para mim, não é. Faça isso, já. Extraia, Martinium, anestesia, tuuuudooo. E para Marte, Náutilus, enfermaria, já. Cuidarão de mim lá. – disse amolecendo, quase cedendo ao sono.

Ele não hesitou. Aceitou a voz de comando de Mariana e extraiu e tudo o que era inorgânico dela, inclusive a substância anestésica com que pretendia, em sua lógica fria, suavizar os sonhos de sua amada.

E, tripas feitas coração, teleportou-os para Marte.

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