AS CRÔNICAS FANTÁSTICAS DO IMPÉRIO ALMEIDA III–O JUDEU ERRANTE A TUDO MONITORA
Os monitores terrestres do Judeu Errante mandavam bala em imagens da Musktower caindo. O alienígena se segurava para não mijar nas calças de rir.
Suas polpas, camadas de músculos e banhas tremiam de riso contido. Não queria provocar outro espasmo cósmico no fluxo quântico, forçou o riso para dentro enquanto puxava Cacau para si com um braço e com outro explorava seus dotes físicos expostos num traje ridículo cheio de balangandãs inspirados em filmes de gosto duvidoso, pois era uma criatura duvidosa, dúbia e sensual, apesar de estéril, hermafrodita e mutante.
Cacau não conseguia reagir ao comando telepático daquele sacana. Mesmo com os ícaros certos na cuca, quando sob o domínio do Judeu Errante, sua mente chorava, mas seu corpo executava a missão geralmente repulsiva que o filho de um chacal a encarregava de cumprir.
Coisa mais horrível de descrever o Judeu Errante, pegajoso e antigo ser, vagando no Cosmo desde a época dos deuses holecraftianos que lhe deram os poderes mutantes num pacto tão arcano ou mais do que com eles Musk II fizera.
Fora atraído em sonhos pela batuqueira morena e deliciosa e transmitiu um pedido de socorro fajuto, acordado de seu sono milenar no ônibus espacial comprado no mercado negro guatemalteco com sua duplacidadania, arábico-judaica, parecia atirar para todos os lados, incompreensível, muitos de seus atos, imprevisível criatura que aprisiona Cacau, esgotada de vergonha e vício.
Mas não derrotada, pois uma chama de revolta ardia em seu peito e cada ícaro que batucava para conter a criatura, também a levava ao controle de si mesma.
Então dava-se conta do tamanho do que fizera sob o domínio do Errante.
Caso tivesse chance se mataria de vergonha, pois o livre arbítrio vinha com o gosto amargo da consciência subjugada, totalmente em cativeiro e, apesar da raiva que a consumia, dependente daqueles nojento.
E de estranhos e disformes seres artificiais cujas sombras, podia ver, agiam como quem quer desgrudar-se do corpo a que está subjugada, colada, atada firmemente pela gravidade inexpugnável da luz e dos feitiços sombrios do maldito herege e impiedoso ser abominável que aprisiona Cacau. Essas coisas aplicavam viciantes injeções de THC tetrametanfetaminado.
Mas algo, a raiva, a tristeza, o regime de escravidão imposto, tudo junto, gritavam “Viva!” em seus ouvidos.
Ela, obediente, subsistia.
E esperava no torpor insensível de sua impotência.
Esperava uma chance para fazer a criatura terrorífica dar cabo de Musk II.
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Mande fumo pro Curupira