OS AMORES CRIMINOSOS–TRÊS DIAS DE TEDIO NO HOTEL

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--- A gente vai ficar até você não ouvir mais falar que roubaram um carro com um chute no saco tá bom, meu camaradinha...
--- Ah, foi você que chutou o filho da mãe do primo do prefeito, valeu....
--- Cala a boca, fera - molhei a mão dele com cenlão – E quando você souber que a barra tá legal, você vai saber também de um carrinho jóia prá nós dois aqui... Não vem que não tem que te conheço. Vc é o agenciador, não é... Agencia então, porra. Quando tudo tiver pronto é só berrar “teu bife tá frio”
Um babaca se engraçou com Julia num golpe numa concessionária. Fez ela sentar no seu colo. Eu vi. Ela fez que não com os olhos, eu só sorri. Pedi um test drive. Fomos para estrada. Falei para Julia dirigir. Entrei no banco de trás, estiquei o braço, ergui o vestido de Julia até as coxas. Olhei pro vendedor. Ele não tirou os olhos, filho da puta, sem vergonha.
--- Você acha que tá a venda, cara....
--- Ahn, que...
---- A buceta da minha mina, quebrada, você acha que pode comprar.
--- .....
--- Mas você pode. É só morrer e você tem ela, entendeu
Abaixei o vestido. O cara entendeu e ficou quieto. Pedi prá Julia encostar. O carro parou. Saí e abri a porta pro cara. Ele não saiu. Tirei o sujeito a força. Tremia todo, suava e desmanchava o gel barato que cobria seu cabelo. Tive nojo de esmurra-lo. Lasquei um chute no saco com toda a força que tinha. Ele caiu gemendo. Fui até ele e me abaixei.
---- Se alguém perguntar onde fomos, diz que estaremos onde o presidente vai morrer, patrício...
E, calhou do cara ser o priminho querido do prefeito viado desta cidadezinha de merda. Atraso de vida pra assassinar o presidente, que, neste momento está discursando a 50 kms daqui. Julia tinha tanta esperança em ver a morte do cara....
Ah, então é assim, você deve estar pensando. Ela decide matar um presidente por diversão e você vai lá e faz o serviço. Sim e não. Sim, eu vou fazer o serviço porque ela me pediu. Só por isso. Mas não por diversão.
Eu, camarada, sou um cara encomendado para ir direto para as mãos do diabo. O que você acha que faço no crime, bato carteiras... Já te falei. Mato. Quer saber mais, quer saber como mato,né. Então, não gosto de falar. Mata-se com tudo o que se tem a mão, cumpadi. E nunca é bonito. O homem, como todo o bicho, é feio por dentro, só tripa, nervo, sangue... E me tornei mais feio que o homem... É só o que você precisa saber prá sacar minha visão.
Então sou um dos caras filhos da puta. Tá na cara. Temido, odiado, cagado por todos. Porque sou bom no que faço. E o que faço é um horror. Mas matar um presidente.... Quanta gente não ia me adorar, eu te pergunto. Muitos iam querer estar no meu lugar não importa o quanto gritasse a oposição.
Então eu seria algo mais. Algo que me fascina, atrai e seduz. Algo melhor que este cara que mal distingue a vida da morte ou vice e versa, entende. Um exemplo, sei lá. Diz você que é um cara normal. Eu nunca fui.
--- Julia, esse presidente é querido – eu pergunto.
--- Nada, qual desses caras é
--- Quero saber, só isto.
--- Metade querido, metade odiado, foi o que entendi.
--- então metade deste país vai estourar rojão em nosso nome, meu amor... E a outra metade vai vir com tudo prá cima da gente...
--- Relaxa, não planeja. Quando chegar a hora, a gente vai lá e apaga o sujeito.
Ela está com algodão entre as unhas do pé, acabou de passar esmalte. Como se não houvesse queixa do marica priminho pro prefeitão. O prefeitão falou com o delegado. E a polícia querendo falar com nós. E nós sumidos neste hotelzinho de periferia. Faz dois dias que estamos trancados aqui., esperando o ataque de pelanca da bibinha passar.
A claustrofobia está mexendo com minha cachola. Não há janela decente, o quarto fede a cigarro e a suores. Lá fora o sol brilha. Eu e Júlia suamos. Não tem ar condicionado. Comemos comida de frigobar. E pedimos mais. Batata frita. E mais.
--- O que você mais quer comer agora, um perguntava pro outro. Resposta invariável
--- Arroz e feijão. Bife, salada, batata frita.
E nos comíamos na falta de alimento.
Fazer amor é uma maratona aquática que nos deixa exaustos e sedentos. Longos banhos servem para nos distrair do assédio do sol. Conversamos. Ela sempre fala de vida, do que fez, do que faz do que vai fazer. Fantasia, mistura realidade e imaginação. Eu me divirto separando um do outro.
Depois silêncio. E o amor. E no terceiro dia o tédio, a irritação... A claustrofobia me deixa louco. Afundo a cabeça em Julia. Ela quer ir embora. Eu também, mas não sem ter certeza de que está tudo bem.
--- Claro que tá, porra. Você não matou o papa, sabia. Detonou um pobre coitado que por acaso é primo do prefeito. Atrapalhou a coisa toda, tudo bem, já era, mas vai ser um dia. Relaxa. Sorte tua que colei meu coração no teu, senão eu dava um jeito de te passar a perna. Vamos embora daqui, porra.
Espalha as bolas de algodão de entre os dedos pelo quarto todo. Levanta-se, põe o sapato, vai para a porta. Está quase abrindo. Seguro o braço dela.
--- De jeito nenhum.
Ela me dá um tapa. Dou outro nela. Ela deita na cama, o vestido levanta. Ela sorri.
--- Gosta.
Não sabia, nunca bati em mulher de graça. Mas agora gostava. E ataquei. Ela gemeu, depois gritou, e mais tarde urrei.
Mal ouvi o boy do hotel berrar que meu bife estava frio.
Mandei ele se foder e continuei batendo em Julia, até ela, louca, pular no meu colo. Caímos no chão. Ela me bateu. Bati nela.
--- O bife tá frio, patrão. Tá ouvindo...
--- Só se for no seu fogão, irmão. Aqui tem que esperar esfriar....
love_and_hate_by_leox90












































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