OS AMORES CRIMINOSOS– PODE O AMOR BANDIDO VENCER O NÓIA DA LEI?

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O Detetive Sergio, não teve a mesma sorte.
Conseguiu sair, mas, paletó, camisa e finalmente pele pegaram fogo. E seu rosto ao arrastar-se para a saída do bar tal, refúgio e posto avançado de Peter, recebera em cheio, um litro de uisque falsificado que explodiu à sua frente, dando-lhe um banho de álcool em chamas no rosto. Desfigurara-se em alguém com uma metade da face normal. A outra, semi-destruída.
Podia sentir sua pele pingando pelo assoalho do carro enquanto percorria o caminho para o consultório. Teve que conter seu jantar várias vezes no estômago. Conseguiu não desmaiar em várias situações onde a dor parecia lhe retorcer a mente.
Até que chegou no Dr. Abbas. O pai de todos, o médico-fantasma dos policiais e bandidos em apuros. A suíça entre policia e bandido. O médico fantasma suspirou. Poucao podia fazer. “Pois fizesse o que desse, caralho. Qualquer coisa”. “Ok. Durma” a anestesia forte dos médicos piratas sempre pareceu uma delícia a Sergio. Delirou e apagou.
Sua consciência voltou com a dor. E a dor enfiou sua cabeça no lugar. Despertou lúcido, por incrível que possa parecer. O detetive Sergio a que estava acostumado, não um maníaco.
Sergio ligou o prazer à sua insanidade: “Porra, me fodi. Fico louco com prazer!!! Ninguém pode saber senão vou pro pinel pro resto da vida!”
--- Doutor, como é que chama aquelas porras que os monges usavam prá se punir, cilico... um treco assim?
--- Cilicio. Um cinto com pregos para envolver a coxa.
--- Pode fazer um prá mim. Pago bem!
O médico já ouvira pedidos mais estranhos. Aceitou.
No dia seguinte, a dor e a lucidez garantiram a cobertura de Sergio. Sofrera um acidente. O motor do seu barco pegara fogo e e ele fora tentar apagar e acabara se queimando inteiro. Falou com seus conhecidos na delegacia central e na noite passada estava em seu rancho, no rio, lutando contra o fogo no motor de seu barco.
Nas manchetes dos jornais, a explosão ocupou o caderno de Cidades dos principais jornais da capital. Bem no fim da página, sem foto, uma merreca.
Uma estupidez a mais do presidente norte-americano chamou a atenção de todos os jornais do país, loucos para fazer uma piada encima de um homem que não era um político, mas uma máquina de gerar atenção desmerecida.
Nenhum jornal lembrou do Vice Presidente. Um editor famoso lembrou-se de suas preferências extremistas e afirmou categoricamente que estava reunido com o Partido Nacionalista Francês, em discussões secretas que reveriam todo o conceito da autoridade do presidente e sua influência na nação.
E um repórter chamado Gino Maldonado escreveu sobre homens de terno e gravata pretos, com óculos escuros, recolhendo restos de metal do que parecia ser uma robô alienígena. E um cadáver insólito vestindo um terno feito sob medida num dos bairros mais pobres da cidade. A conclusão do repórter. Um político de alto escalão estava conduzindo uma negociação com um alienígena quando algo não deu certo e foi feita uma queima e arquivo. Talvez o próprio vice presidente tenha sido assassinado por uma conspiração de alienígenas. E isso foi o que chegou mais próximo da verdade...
A nação não questionou o desaparecimento do vice-presidente. Um estranho sentimento geral nasceu em cada lar do país. O de que era melhor apenas ficar quieto, esquecer, deixar rolar.
Pois, quando o presidente do congresso finalmente assumiu, eram vésperas de eleições.
E no final das contas, tudo continuara na mesma.
O que deixava o detetive Sergio louco de raiva. E a raiva lhe dava prazer. Então ia para o banheiro e apertava o cilicio até sangrar. Suspirava aliviado. Havia manipulado algumas informações, oras porque não? Havia pressionado as cordas certas, era um comandante federal agora. E com a missão de perseguir Peter e Júlia, assassinos do ex-presidente e um perigo para a nação.
Isso era um sorriso em seus lábios escalavrados, algo não bem sorriso, mas um paradoxo, pois lá, no fundo de sua aparência deformada, lutavam dor e prazer, lucidez e loucura. Até que a sempre mesma epifania conciliou os conflitos dualistas de Sergio. Apanhar Peter e Júlia, apanhar e gozar com Julia, fosse como fosse.
E uma esperança lhe deu forças para iniciar uma hipócrita convalescença que o livrou da psiquiatria. “Não, doutor, vingança não. Justiça. Saber que ele vai pagar pelo que fez, doutor. Prá poder continuar a vda...” Funcionou. E agora caçava Peter em nome do governo. Ah.
Em breve, Peter. Em breve Julia. Em breve estaríamos reunidos novamente.... E então só Deus sabe quais prazeres o Diabo me reservou....
Quanto a Peter e Júlia, bem... Ficaram mais espertos.
E mais apaixonados. Agora sabiam da existência de seu mais perigoso inimigo. E não estariam mais despreparados..
E era apenas uma questão de tempo para que nova troca de tiros acontecesse. O detetive Sergio fez questão de garantir isso. Em cadeia nacional. Afirmou que estava montando uma força tarefa para pegar ou apagar os assassinos. Iriam dar-lhes a escolha. A eles cabia essa decisão. Pois, para eles, tanto fazia.
O país nem deu bola. Para o povo, tanto fazia quanto tanto fez. Havia muito cacique e pouco índio, mas gente demais sofrendo, e o que é pior, acostumados a demais a sofrer. Não queriam saber de melhorar, queriam um tipo de justiça violenta, justamente o que Sergio oferecia. Mesmo assim ninguém se interessou uito, tamanha indecisãoe apatia tomaram conta da nação.
 Para todos, tanto Peter e Julia, como para o povo do país, cabia uma decisão em termos diferentes.
Não posso dizer quanto ao povo de um país, sou pequeno demais para isto.
Mas quanto a Peter e Julia, tomaram sua decisão. Sim senhor, como não.
Mas esta é uma outra história....
Quero terminar esta com um homem e uma mulher mal acreditando que estão vivos, dirigindo e rindo rumo ao sol nascente num carro de 1000 cavalos de potência, onde um ricaço esqueceu um belo e gordo envelope de dólares, seres repletos de loucura e paixão altas voltagens de sexy horse power, amores em rollercoaster, gemidos em stratocaster, todo o delírio de um amor que só tem a si mesmo como motivo de vida para dois seres humanos. Oh sim, esses dois morrerão. Questão de tempo. E pouco tempo, os dois sabem disto. Mas nenhum deles quer viver para sempre ou longe um do outro.
E, para eles, nada mais importa.

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            FIM




































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