OS AMORES CRIMINOSOS–ENCONTRO COM O VICE PRESIDENTE

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24 HORAS ATRÁS – PALÁCIO PRESIDENCIAL
--- Senhor Presidente....talvez os senhor queira ler este e-mail. Anônimo, mas com aquele perfil singular que tanto procurávamos para dar “match” com aquele seu interesse particular no atentado ao seu antecessor.
Para um androide, Ajax falava demais, o vice pensava. Coisa de sua última atualização que incluía protocolos diplomáticos do Itamarati e dos Conselho de Relações Exteriores Americano. Assim que fosse possível, mandaria deletar aquela inutilidade toda.
--- Fale direto, Ajax.
--- O remetente diz ser o assassino de seu antecessor, senhor.
--- Porra, passa isso prá cá.
O vice pula da cadeira presidencial e toma o e-mail das mãos do androide secretário, único que o chama pelo que realmente é Presidente da República. Os outros, apenas presidente em exercício. Coitados, que chamassem. O que diriam se soubessem que já tinha manipulado tanto os dados das próximas eleições que, mesmo com seu nome jogado na lama das altas taxas de desaprovação, ganharia com folga de qualquer candidato.
O que tirava o sono era a obsessão. Por que cargas d’agua atiraram no presidente. Os imbecis sequer gozam de fama, fantasmas, nada de pronunciamentos, reinvindicações, nada de bater no peito e dizer fui eu. Ninguém. Quem são esses porras? O que querem?
E as operações da polícia e inteligência federal eram infrutíferas. Informações ralas, cavadas nas fronteiras, o país era extenso, inumeráveis rotas de fuga mapeadas, mais ainda não mapeadas mas já deveriam ter alguma informação.
Seis meses de investigação. E o que realmente tinham no final das contas, resumia-se a becos sem saída decorrentes de boatos levados a sério pela sua assessoria. Então pôs Ajax para trabalhar no caso. Olha o resultado aí.
Leu. Riu. Releu. Riu de se dobrar.
“Meu Deus... Meu Deus.... pobre coitado. É um imbecil!
Mas agora, sentado no bar tal, na tal mesa reservada, sozinho, sentindo-se observado por inúmeros olhos invisíveis devido a uma aspirada de pó nervoso para dar coragem, pensava que o imbecil era ele. Mas era um imbecil bem acompanhado. Ajax estava do outro lado da rua, totalmente camuflado, laser acionado para atirar quando em mira.
Era questão de controlar a nóia.
--- Fale pro cara do outro lado da rua afrouxar o canhão, quebrada vice presidente, ou vou afrouxar suas tripas agora, sem papo.
--- Que cara, meu amigo... Só eu estou aqui. Como você pediu.
Um tiro explodiu no escuro. Em frente a mão do presidente. Silenciador. O cara não parecia tão imbecil agora.
--- olha pro seu celular, babaca, no endereço do e-mail que te mandei. Passei um link pra você.
O vice clica o link. Vê ele e Ajax saindo do carro e separando-se.
--- Nunca vi um tipo tão estranho. Quem você contratou? Quem é o cara? Fale, depois te mato. Não fale e te torturo. Gosta de roleta russa?
Um sonoro peido e o cheiro pungente de merda é a resposta.
--- é um robô. Não é um cara, é uma máquina. Programada para matar quem sentar na minha frente. Vou desativa-la, espere.
O vice coloca a mão por dentro do bolso, uma luz vermelha acende-se em seu peito.
--- Tire o que tiver que tirar com calma e lentamente ou vou espirrar, entendeu?
--- Sim, calma e lentamente- não havia mais porque jogar seu jogo, as regras haviam mudado. O vice ia desativar o robô, quando um tiro cortou o ar. Logo a seguir um grito.
E o corpo de Peter desabou do telhado do prédio do bar, bem no colo do presidente. A cadeira não resistiu e quebrou. Peter e o presidente rolaram pelo bar, o controle de Ajax caiu do bolso do presidente e foi rolando até atrás do balcão.
O Vice tentou se levantar, mas sentiu um puxão em seus cabelos. Levou uma gravata. Um cano de arma entrou em sua boca arrebentando os lábios finos e os dentes brancos.
--- Quem mais veio com você, canalha?
--- Peter, não! – Era Júlia. Na frente de um cara. Uma arma apontada para a sua cabeça. O sujeito rindo, rindo, rindo.
--- Senhor Presidente da porra da nação mais fudida do mundo. Sempre um prazer conhecer um filho da puta tão bem relacionado.
--- Me salve meu filho, me salve.
--- Claro senhor.
Três tiros estouram a cabeça do presidente em exercício.
--- Ahahahaha. Agora sei o que vocês sentiram, demais. Pena que só pode haver um de nós. Apareça, Peter. E assista o maior espetáculo da Terra, o death stripper. E a sua Júlia é a estrela. Uma estrela morta ahahahahahah
Peter, ferido, arrasta-se para trás do balcão. E lá que guarda seu arsenal. O cara está totalmente doido varrido, mas está com Júlia e louco ou não, provocou o cara errado.
Peter havia desaparecido. Só havia fúria. E toda a frieza do seu treinamento de executor da Mafia.
Sergio, por seu lado, era pior. Onde outrora havia um bom homem, existia agora apenas a vingança e a loucura da vingança, o desejo excitante pelo macabro sexo com Júlia com Peter morto observando a tudo. Ou vice-versa. E mais nada havia em seu peito e em sua mente.
Quanto a Júlia, uma pessoa apavorada que encara o momento de sua morte, não tem tempo para pensar em sutis questões existenciais.
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