AS CRÔNICAS FANTÁSTICAS DO IMPÉRIO ALMEIDA II–SCOTT FREE


--- Então a srta se preocupa com um crime, estou certo?
--- Não senhor. Eu sugiro um outro crime.
--- Ora, querida – Musk II sentiu sua pele tremular de prazer diante de uma surpresa tão agradável vinda de uma jovem que julgara tão inocente – será um prazer ouvir o que você tem em mente.
--- Mate Almeida. Li o contrato do deadpaint ball de Sekigahara. Matando Almeida, o senhor fica com tudo. E de quebra, leva o Brasil. Com isso o senhor teria o Continente americano integral, além da Grã Alemanha Britânica como principal base de negócio terrestre.
Musk interessou-se. Almeida era um palito incômodo entalado em sua garganta hexadimensional. Nunca na vida previra os malditos caminhões cinéticos que quase o humilharam. Fora a questão dó código hash, tarde demais para remediar. Mas estava os dados estavam rolando ainda. O Feirão pegava fogo, detonado pelo laser do robô Ajax.
Musk II queria muito ser “coleguinha” do presidente em exercício, ou melhor tomar-lhe aquele brinquedo maravilhoso, Ajax, alimentado com o coração de quartzo-rubi titanizado de Tony Stark. E como as recentes explosões de neutrinos que lhe deram pruridos mutantes só poderiam ser coisa do velho e do político louco, poderia matar os dois com uma paulada só. Primeiro o xarope, depois o velho, mas nos termos certos que a tal Eunice ia relatar agora:
--- Querida, foda-se o Brasil, como devo matar Almeida?
--- Desafie-o formalmente. Duelo.
--- Precisa ser essa babaquice de deadpaintball?
--- Qualquer modalidade de esporte assassino radical discreta e na míuda vale, senhor.
--- Muito bem, a senhora ganhou uma promoção. – voltou-se para o comunicador.
--- Diretor, queira ter a bondade de vir até aqui.
Musk II andou até a sua coleção de armas antigas. Retirou da parede uma acha vicking e a jogou em direção a moça. Depois retirou um arco longo inglês do séc XIV, armou-o com uma seta e apontou para a cabeça da moça.
--- Srta Eunice a senhora por contrato de morte autorizado por mim, está promovida a diretora. Assim que o diretor entrar aqui, peque a acha e esmague sua cabeça, ou eu arrancarei a sua com esta flecha.
--- Sr, eu me demito.
Musk atirou a flecha, passou arranhado a moça, tirou sangue, um naco de carne na ponta da seta. A moça largou a acha no chão. Ajoelhou-se, quase desmaiou.
---Isso é só um arranhão, srta Eunice, nada que uma regeneração celular não resolva. Não aceito sua demissão. A srta não tem essa opção. Ou mata ou morre.
O diretor entrou, a moça pegou a acha, com muito esforço a ergueu ao mesmo tempo em que, com um grito agudo, lançava-se num movimento de baixo para cima. A base da arma acertou o queixo do diretor. O maxilar do homem quebrou-se e afundou, mas ele não morreu.
Ela arrastou-se até ele e desferiu mais um golpe.
O diretor ficou gemendo, o olhar morto, demente, a caixa craniana medonhamente afundada, miolos aparecendo, maxilar deslocado, dentes espalhados, expressão grotesca.
--- Finish him – Musk II ordenou com uma careta.
Eunice chorou. Depois riu. Hesitou. Levantou a acha gritando. Deixou-a cair a um palmo do homem.
Musk II retesou o arco com uma seta.
--- Rurorororárá.
Ela disse adeus para sua alma.
Mas tratou de ganhar sua promoção.         MACHADO DE AZIMOV

























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