O GOLPE–VI–O DUELO PARTE FINAL

                                     wild sea

 

 

 

Na fuga para o banheiro, cometi um grave erro. Virei a cadeira e me mandei o mais rápido que pude para meu destino. Dei as costas para eles.

Eles não titubearam. Levei chumbo num ombro direito. Não liguei. Havia tomado 80 mg de Oxycodin apreendido pela coporação e recuperado por mim, numa de minhas idas ao deposito de provas.

O opiáceo em conjunto com meus anti-depressivos era uma química respeitável. Adrenalina a mil, sem dor e eufórico.

Sentia-me invencível, rárárá.

Mas ficou difícil movimentar o braço direito. Por sorte era canhoto.

Antes que fizessem mais estragos, alcancei o banheiro.

Entrei o mais rápido que pude.

Tranquei-me lá dentro.

Tomei mais uma dose de bolas. Todas.

Tirei a 12 da banheira.

Engatilhei-a. Mirei a porta. Esperei.

A gangue arrombou-a rapidinho.

Só para encontrar mais chumbo.

A 12 urrava e se aquecia enquanto eu mandava bala às cegas.

Mas dessa vez eles estavam preparados.

Arrombaram a porta e se afastaram dela.

Meus tiros encontravam o vazio e as paredes de minha casa, o reboco voando pela potência do impacto dos cartuchos.

Eles se aproveitaram da vantagem.

Esperaram a hora certa.

Fiquei sem munição e eles entraram, feitiço contra feiticeiro.

Tirei a Uzzi e a AK-47 dos bolsos da cadeira e mandei bala.

Sangue, carne, tripas, fragmentos de ossos voaram. Corpos caíram em gritos e gemidos. O asséptico ladrilhado do banheiro tornando-se um grudento lago de sangue.

Mesmo assim havia mais deles. E não havia tempo para mais tiroteios.

Só me restava o recurso final.

Tirei do bolso da calça um celular transformado em detonador remoto.

Grudei minha mão numa alça q o deixava bem apertado nela, dedo já no botão fatal.

Mostrei o celular detonador para eles.

--- Mais um tiro e mando todos nós para o Além, bando de ladrões.

Júlio adiantou-se.

Estava sem uma das orelhas. Um buraco sanguinolento tomara seu lugar.

--- Tu não é macho p isso, meio homem, é melhor se preparar sua hora chegou.

Apontou-me uma baita Magnum 44.

--- Hora de dizer Adeus.

Sorri loucamente.

--- Era tudo o que queria ouvir, palhaço.

Ia apertar o botão quando ouvi a voz de Regina.

--- Ciro que porra está acontecendo aqui. Os vizinhos chamaram a polícia, a sala está um regaço, tem neguinho morto e gemendo em todo o lugar. Onde você está. Você vai ter que explicar tudinho....

Júlio sorriu. Um sorriso de vingança maliciosa.

--- Mas antes de morrer, tu vai ver tua mulher levar uma curra. Aí pessoal, vamos tirar esse filho da puta da cadeira e leva-lo ver seu último show.

Não aguentei aquilo.

Saquei uma faca Moela do exército espanhol, rodei a cadeira com toda a força e ataquei.

O escudo me protegeu do tiro que Júlio disparou.

E cravei a faca em sua virilha com gosto.

Arrebentei a linha de defesa da bandidagem que ficou confusa com meu ataque. O escudo abriu passagem, enquanto com a outra faca que me restara eu espetava carne e ar às cegas.

Desvencilhei-me deles.

Rodei aquela maldita cadeira de rodas como um louco em busca de Regina.

Encontrei-a pasma com o sangue e a destruição.

--- Temos que sair daqui já, Regina. Vou mandar tudo para os ares...

--- Do que você está falando Ciro.

Agarrei- a com o braço são e com o anestesiado rodei o mais rápido que podia em direção a porta de entrada destruída.

Agora tudo que queria era salvar a mulher que amava.

O duelo ficou para trás...

E a pulsão de vida bombou nas veias mais ainda quando percebi correria e gritos às minhas costas.

A gangue ainda me perseguia.

Rodei, não sei como até hoje, mais rápido em direção da porta.

A vida de minha amada estava em jogo.

E eu não queria mais morrer....

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