O GOLPE–II–O TREINAMENTO

                                                                        shooting_practice_by_hielga_deu0b2l-350t

 

Cowboy, héim? Ele teria uma baita surpresa...

Treinei desde o contato com Julio, o líder da facção que tão gentilmente me concedeu a honra de uma morte em combate.

Garanti minha mulher e filho: teriam liberdade de ir e vir e segurança. Palavra da facção e da polícia.

Acredito neles. Os dois entendem muito de família, embora muitas delas – a maioria, na verdade – não dê muito certo.

A minha deu. Isso era muito respeitado. Pelos dois lados da Vida.

Então preparei-me.

Consegui com um amigo policial um bom arsenal.

Soldei um escudo das tropas de choque do Bope em minha cadeira de rodas de basquete.

Consegui, 38, 45, 12, Uzzi e Kalishnikov. Estava bem na fita.

Queria morrer sim, mas queria levar muitos comigo num carnaval de balas.

Eles estariam esperando uma vitima indefesa.

Encontrariam um leão defendendo a última gota de vida que lhe sobrou.

Perigoso pacas.

Ria enquanto treinava movimentos na cadeira de rodas, debaixo do escudo de aço, atirando em alvos imaginários com balas de festim.

Acharam que ficara louco, Elisa e Regina, minha mulher e minha filha.

Graças a Deus por isso.

Disseram que não queriam me internar por pura piedade e que não podiam suportar as cenas que armava em casa,

correndo a milhão pelos corredores arremessando facas nos sagrados retratos familiares.

Havia feito bolsos especiais para as armas em minha cadeira de rodas ultra-tunada. Eles eram confortáveis e de fácil acesso, minhas armas sempre estavam ao alcance das mãos.

E havia o C4 que roubara numa visita ao depósito de provas, sob o pretexto de pegar um pouco de maconha para minhas dores.

A piedade por um cadeirante é insuportável para mim, mas, sabendo usar abre muitas portas.

E me concedeu o recurso final.

Comentários

Postagens mais visitadas