DA IMPORTÂNCIA DO HOMOSSEXUALISMO PARA O MACHO

 

 

homolove

 

Um dia saí do cinema assobiando a trilha sonora do filme que havia acabado de assistir. Não me lembro o nome, foi há muito tempo atrás.

Numa época onde hoje, em plena meia idade, contemplo com carinho e amor, mas já a senti com ódio e ressentimento.

Numa época onde havia acabado de ser abandonado pelo meu primeiro amor.

Ela, por quem abandonara tudo e todos.

Ela, por quem viajei mais de 1000 km.

Ela, que a imaginei velhinha, linda e ao meu lado.

Ela que me abandonou por um cara absolutamente babaca.

E me levou todo o tesão da vida.

Brochei. Total. Nenhuma mulher me endurecia.

Comecei a ficar em desespero.

O Sexo é uma experiência indescritível onde realmente dialogamos com o outro e o sentimos em sua total plenitude.

O outrem e você. Juntos, conjugados em orgasmos simultâneos.

Algo lindo e quase metafísico.

Petit mortis, como diriam os franceses.

Pensei muito sobre isso.

Conclui que sem isso, não poderia viver.

Então decidi experimentar algo novo.

Desejei meu oposto, não mais ela, mas ele.

E pensava em tudo isso, nessa época, assobiando a trilha sonora do filme que acabara de assistir...

--- Linda essa música, não é?

Era um cara franzino e charmoso que me abordava com uma pergunta sensível.

Decidi arriscar.

--- Sim, amei a trilha sonora. Sou fissurado por elas.

--- Sério? Eu também, tenho vários discos em casa. Quer ouvir comigo?

--- Você não perde tempo héim.

--- Como?

--- Já vai cantando, esclareci num sorriso sem graça.

Estava brochado e com medo. Mas disposto a ir até o fim com aquilo.

Ele riu gostosamente.

--- Não meu caro, é um convite. É raro encontrar alguém para conversar sobre trilhas sonoras hoje em dia. E do jeito que você assobia bem, deve ser um amante do gênero também, não?

Silêncio. Abaixei a cabeça, sorri:

--- Não sei, mas quero descobrir... arrisquei fazendo das tripas coração para superar meu medo do novo, do diferente, do inusitado em que tal frase me colocaria.

--- Quer descobrir comigo?

--- Quero.

E lá fomos nós para seu apartamento.

Ele era um fofo. Fez suco de peras, tortillas e serviu vinho de ameixas.

Amei aquilo.

Seus discos eram bem conservados, quase novos, seu aparelho de som, último tipo.

Sonoridade pre-dolby que fazia da sala um cinema sonoro.

Amei.

Então começaram as carícias que nos levaram para a cama.

Ele consumou o ato.

Eu não.

Mas, por carinho e gratidão, passei a noite com ele.

Triste prá caralho.

Não havia sentido nenhuma Petit Mortis com ele.

Não tive o diálogo nem o prazer.

Apenas a dor.

E dela estava de saco cheio.

Queria o calor íntimo, a estrela que move qualquer ser humano na ponta de meu pênis.

E é o que ainda quero.

E com ele, e com algum outro mais, percebi que não conseguirei nada disso com eles.

Apenas com ELAS.

Daí minha heterossualixade. Certificada pelo ato homossexual. Confirmada através de maneira empírica e prática.

Um mergulho através da experiência nesse gênero, tão difamado, profundo, cheio de maravilhas sutis e jogadas sensuais que se diz “desconhecido” pelo macho.

Esse macho que nunca experimentará o seu outro por puro medo do “desconhecido” e do “diferente”, ao menos precisa saber que todos tem o direito ao prazer sexual.

Da maneira que lhe der tesão, paixão e prazer.

Todos tem o direito ao Petit Mortis e diálogo com outrem.

Então, machos, experimentem transar com outro homem, antes de se rotular heterossexuais, ainda que, talvez frustrado, e nesse caso, canalizar as decepções sexuais de seu pênis para a opção de prazer do próximo.

Sinceramente, para isso digo Amém.

E ouço Jesus assobiando a música do filme esquecido, há muito tempo atrás...

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