CRÔNICAS DE AMIZADES–II- TAMI…

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Quando conheci Tami, quase caí de costas.

A danada havia realizado um antigo sonho meu.

Fez um evento cultural de gigantesco porte para uma cidade como essa em que vivemos.

Ela e seu coletivo, o Literocupa.

Onde esse bando prá lá de excepcional ia, era como um verdadeiro sonho.

Eu que havia defendido a poesia num antigo fanzine, que tanto lutara para fazer o mesmo aqui, via meu sonho amplificado por um colosso de sensibilidade feminina.

Tami é feminista sim.

Ela me ensinou que o feminismo é simplesmente demais.

Acredito nele, bem como acredito nela, uma das pessoas mais realizadoras que conheci na minha vida.

Imagine isso:

Com o meu histórico de poeta e produtor de poesia frustrado, chego no evento e dou de cara com páginas de poemas penduradas num varal e balançando-se ao vento.

Ao fundo os trilhos da ferroviária centenária onde se dava o evento.

Escolha genial.

Fui às lágrimas...

Se algo que acredito ser poético nesta cidade é a Ferroviária.

E o Literocupa acertou em cheio ao eleger nossa estação de trens como cenário para suas exibições.

Sempre com o Varal de Poesia presente.

Sempre declamando suas criações.

Tami é versada demais em Poesia para eu falar objetivamente.

Sei que por algum motivo ela me deu dois livros para escrever prefácio num, posfácio noutro.

Meu Deus, que livros...

Aprendi tanta coisa com essa menina....

Tamires, belíssima e brava ragazza.

E agora creio que é hora de retribuir.

Pois eu, que havia lutado para desaprender a escrever poesia, tornando-me um prosador, acabei voltando a escrever poemas.

Tudo por Tami, esse fenômeno de energia.

Sinérgica por natureza, nunca vi alguém descobrir tantos talentos como essa menina descobriu.

E a amo por ela ter me tirado das trevas poéticas em que me encontrava.

Partilho com ela quase tudo o que escrevo.

Ela lê tudo o que mando. Incrível, mas verdade.

Pois Deus e meus leitores sabem como tendo a ser tagarela na escrita.

E Tami nunca me censurou.

Mas me incentivou de uma forma maravilhosa....

Com seus textos.

Sua poesia, sua arte.

Uma vez perguntei se os poemas não ficavam perdidos no meio de tantas performances, shows, oficinas e eventos que o Literocupa fazia.

Então ela me disse:

“Mas tudo é poesia...”

E mais uma vez a danada tinha razão e, com seus 30 e poucos anos, mostrou-me verdades sobre a vida que ignorava.

E eu a amo por isso.

Sem Tami, simplesmente não poderia ser o que sou hoje, um cara que tem valores, ética renovada, lutando contra suas próprias idiossincrasias.

Aprendi muito contigo, querida.

E aprendi a amar aquele seu sorriso enigmático de quem gostou de algo que só ela sabe, quando nos afirma questionando:

“Né?”

Uma vez, antes de ter intimidade, uma amiga minha me avisou o quão encantadora Tami podia ser.

“Se eu fosse homem, tentaria pegar Tami prá valer...”

Na hora fiquei chocado com aquilo.

Mas depois ri.

É verdade.

Tami é um poço de paixão ambulante.

Poema em carne viva.

Energia em constante ebulição.

Disse isso para ela.

Disse que ela precisava de alguém que fosse um recipiente para toda sua energia.

Pois essa garota vive de paixões.

Nisso somos muito parecidos.

Para nós, se não estivermos apaixonados por alguém ou pelo que fazemos, o que produzimos simplesmente não vale nada.

E como eu, Tami sofre se não está apaixonada. Ver o mundo sem paixão alguma é um problema para nós: quando as coisas se tornam assim, melhor não vive-las.

Tami vive de paixão por tudo que a cerca, já disse...

Muito mais que eu.

Sou fichinha perto dela.

Em matéria de talento, vivência, poesia e arte.

Tami dá de dez em mim, devo reconhecer.

E eu a amo perdidamente por isso...

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