AS ÚLTIMAS HORAS DE CHARLES SIMÕES– BLACKOUT TOTAL

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“Como uma sombra poderia ter a solidez de uma pedra, ou ao menos a sensação de uma, é um mistério que desisti de sondar.
Afinal não se precisa compreender uma coisa para saber que se deve eliminá-la.
Certas coisas só existem por autorização divina para serem mortas.
E parte de mim era uma delas.
A parte sem luz.
Morta.”
--- E que deveria ser morta – Charles acrescentava olhando-a nos olhos, sabendo que seu olhar era opaco dos opiáceos antiesquizofrênicos que tomava.
Ah, como esforçara-se para dar vida ao seu olhar...
Mas desde que Júlia, a nenê, as duas de uma vez no acidente...
Morreram...
O horror... Só.
Ele e um antigo amigo imaginário que até então julgara enterrado.
Mas sozinho, numa noite escura e com o denso silêncio arranhando seus ouvidos, ouvira o zumbido agudo de seu antigo amigo imaginário. E isso lhe foi... Revelador!
Revivido na primeira noite de luto, em meio às trevas, como se a sua voz interior mais oculta de repente gritasse cheia de poder, fúria e dor.
Livre da mais densa inexistência, emanando escuridão da casa em tremores inexplicáveis, as luzes piscando de excesso de energia mental de Charles.
Granizo caiu do teto. E então...
Bang. Ele lembrava. Fizera todas as luzes da quadra estourarem.
E internaram-no por isto.
Convenceram-no que fora um delírio, que curtira a beça Carrie a Estranha, rárárá. Que legal. Sorriu. Enfermeiros, raça difícil, nunca se sabia, melhor calar que enfrentar.
Mas algo nele, mais primal, ancião e terrível soube na hora da verdade.
Os enfermeiros sentiam medo. Dele. Do incidente.
Do grito, da escuridão.
Do blackout.
Era o responsável.
Ele, um scanner, como nos filmes.
O psiquiatra dedurou-o. Denunciou-o para a polícia científica depois do incidente com a andropsicóloga cibernética no instinuto de analises mentais Musk I. Fugira. Não só de todos, mas Dele, do demônio que, no seu interior, comodamente se refastelava com tudo.
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