COMO SE QUEBRAM OS CORAÇÕES DOS PRESIDENTES - IV - DE AMANTES E AMIGOS

Amanheceu e com o sol, chegam os fatos à Aymeé: o noticiário da véspera fora totalmente equivocado. Getúlio não só escapara como vencera os revoltosos. E agora, o telefone toca. É Vargas ligando do Palácio do Catete: --- Bem amada, estou a caminho... --- Getúlio, o dia já não teve emoções suficientes para um homem da sua idade? --- Nenhuma emoção é demasiada quando se tem um bálsamo como você, minha bem amada... --– Então venha... Pensava em resolver esse affair de uma vez por todas. Logo depois do telefonema, Getúlio sai do palácio para o encontro com Aymeé. Dá de cara com Alzirinha Vargas, sua filha: --- Então vai sair de novo Patrão? Alzirinha está contrariada, com as sobrancelhas cerradas. Dispara: --– O que digo para a mamãe... Olha que ela já está de olho aberto e já tem quase certeza que tem chifre na testa. --- Não fale assim de sua mãe. --- Mas não é verdade patrão? Só veja se não demora. Ontem foi horrível. Precisamos de você aqui, mais do que ela lá, isso te garanto. Constrangido pela fala da filha, Getulio chega ao rende-vouz em seu apartamento secreto no Botafogo. Aymeé, como sempre, já está lá. Assim que Aymeé abre a porta, Vargas entra como um touro ferido. Sua tensão metamorfoseada em desejo pela adrenalina acomodando-se nas veias, impulsiona-o para o corpo da bem amada. Ele beija-a, agarra a barra de sua saia, ergue-a, tenta tirar a calcinha, não consegue. Ela geme de dor e prazer e levanta uma perna longa e firme fazendo a calcinha deslizar por ela. Encaixam-se. Retorcem-se. Remexem-se. Saboreiam-se. Até a luz do gozo os cegar num duplo grito de prazer. Então, ela vai ao banheiro. Getúlio senta-se na cama, alcança um charuto no bolso do paletó. Corta sua ponta, leva-o a boca, acende-o. Começa a falar. Vargas vangloria-se do tiroteio. Aymeé ouve em silêncio. “São coisas como estas que você está dizendo que me afastam quando tudo o que queria era ser a primeira dama brasileira e te amar de igual para igual.” --- Pare - Aymeé ordena ao voltar do banheiro para o quarto. E continua: --- Vcs homens, são pura violência, pensam que um nariz quebrado de uma pessoa é um troféu. Ser atacado e sair ferido de uma luta não é um troféu. É violência pura e simples. E não suporto violência. “E ela está aumentando por causa do seu governo, meu amado. E no seu governo sou apenas uma cortesã que tem que agradar a rainha para ir para a cama com o rei. Por pura paixão. Sem ganhar nada e perdendo tudo. É por isto que vou sair do Brasil. Vou para Paris, vou me divorciar de Soares, vou me distanciar de você. Sou jovem, quero ser livre, viver a minha vida, não a vida que me destina o governo do Estado Novo, você consegue me entender?” --- Mais do que imagina – responde Vargas. Aymeé sorri: --- Mas te quero bem, Getúlio, você não tem culpa, são as circunstâncias. Nosso caso não iria durar muito sabíamos disso quando começamos. Pois bem, acabou. Vamos ser civilizados e sair como amigos. --- Como deixar de ser seu amigo se o bem querer que tenho no peito me força a fazer o possível e o impossível apenas para vê-la feliz, minha bem amada. Impossível não ser seu amigo. Vargas toma-lhe a mão beija-a, olha para Aymeé longamente... --- Até logo, minha amiga bem amada, agora a violência
do estado novo me chama, diz Vargas com amargura

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