COMO SE QUEBRAM OS CORAÇÕES DOS PRESIDENTES - II - DE RAINHAS DESPOSSUÍDAS

E no entanto, a sua maneira, amava Getúlio e não gostaria de deixa-lo. Pensou na carta em francês que recebera. Involuntariamente o pensamento surgiu em sua cabeça: “Ela poderia ser uma saída. Mas para Simões, que já não amava há muito. Mas e quanto a Getúlio, que começara a amar há pouco? Ou ama apenas o sonho de ser primeira dama? Sempre é bom ter uma rota de fuga, numa situação como essas: amante do presidente mais polêmico q o brasil já teve. Casada com seu chefe de gabinete. Praticamente cortesã da esposa de seu amante. E cheias de dúvidas insolúveis que circulavam em sua cabeça por essa noite adentro. Como dominar o amor quando ele é um potro forte e saudável e livre correndo em disparada pelas planícies de seu peito? Não... Estou decidida. Quero ver onde levaria essa história com Getúlio. Aliás estava na hora do noticiário na Mayrink Veiga. Aymee, pula da poltrona onde lera a carta, corre até a sala, liga o rádio e senta-se no sofá. O radiojornal fala da crise e das acusações q pesam contra Vargas. Aymeé não se contem: --- Isso não pode continuar. Essa história, essa paixão terá que enfrentar coisas terríveis, seja pelo homem que Getúlio é, seja pelo político que é Vargas. E tem mais: Simões, o marido, desconfia. Darcy, esposa de Getúlio, a cobre de insinuações sarcásticas e venenosas. E até agora o que ela ganhou querendo ver onde ia parar essa história? Um cargo como “dama da corte”, pois nada mais nada menos era isso, os círculos do poder brasileiro de 1938: uma corte prestando vassalagem ao rei Vargas e sua rainha. Mas era a rainha errada. E ela era sua cortesã. Sua, veja bem... Dele Vargas. Não dela Aymeé. E o pior. Se não fosse de Vargas, seria do marido. Por este nem amor, nem ódio, nem nada tinha.

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