CRÔNICAS DOS AMORES ESPACIASIS–DE TRIÂNGULOS AMOROSOS ESPACIAIS E DOS CORAÇÕES NELE ENVOLVIDOS

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Judite sentou-se na cadeira de co-piloto da nave reparatória, tirou o capacete, abraçou o piloto, as lágrimas caindo pelo rosto pálido do homem agonizante.
Há minutos atrás Judite havia descoberto o amor. Não estava preparada para vê-lo morrer. Nenhum apaixonado estaria.
Nesse momento a tela de comunicações foi acionada e Leandro apareceu no monitor.
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--- Judi, amor da minha vida, pode perceber o quanto de belo, apesar de horrível é o nosso destino? Também sofro, querida não vê – lágrimas escorriam por seu rosto ensandecido - Judi, você, seu amor, nosso amor morrerão juntos no espaço. Mas logo estaremos juntos, meu amor, confie em mim. Ninguém e nada mais vai nos separar. E você me amará por toda a eternidade...
Judite não suportou, apesar de toda a repulsa e ódio que nascera dentro de si, a visão de seu antigo mestre totalmente distorcida pela loucura e a distopia de amor e morte que suas palavras prometiam.
E só então viu os selos na porta de acesso da nave.
Entendeu que caíra numa armadilha feita por um louco no meio do espaço sideral. Estava trancada numa nave que iria ser conduzida a deriva espacial. Vagariam, ela e o piloto, cosmos afora até a morte.
Leandro continuava seu monólogo delirante, mas Judite deu um murro na tela. Houve um estalo, rachaduras e estilhaços destruíram o monitor e a tela ficou escura.
Não morreria ali. Não assim, desta maneira, a vida de seu amor escoando em seus braços enquanto a sua escoava na escuridão infinita do Cosmos. Fora treinada para analisar todos os recursos disponíveis para solucionar problemas imprevistos. “não passava disso, um problema imprevisto, pense Judite, quais seus recursos.
Nesse momento a rotação da nave exploratória começava a permitir a visão da estação intergaláctica. Logo o deque de aterrisagem passaria por eles. Continuavam a aproximar-se da estação. Leandro ainda não acionara o botão.
Fora uma tola ao quebrar o monitor. Ouvir Leandro era uma tortura, mas era um cronômetro também. Contava os segundos para o momento fatal, o apertar do maldito botão.
Ligou o áudio, sintonizou o canal da transmissão. A voz de Leandro ouviu-se clara e límpida.
--- Contemplai minha obra ò Amorosos e desesperai-vos. Um lobo amava um porquinho outro a vovó. O jacaré comeu o porco e a vovó casou com o lobo. Um morreu, dois não, o três amou e não casou. O horror, rima perfeita para o amor, Judi... O horror...
Leandro delirava, não havia tempo a perder. Teria que arrombar a porta da nave reparadora. Prá ontem. Cortou o áudio.
Desplugou o cabo de nitrogênio líquido de refrigeração de seu traje. Apontou-o para o selo de aço da porta. Liberou o nitrogênio generosamente sobre o metal e congelou-o. Replugou o cabo. Seus sistemas de refrigeração estavam pela metade, mas aguentariam o que vinha pela frente.
Acionou a solda laser de seu traje. Era uma ferramenta de reparos, mas teria que servir. Direcionou-a ao metal congelado pelo nitrogênio.
Se desse certo o que pensara conseguira enfraquecer o suficiente do selo e da porta para abrir uma passagem para ela e o piloto.
Seriam sugados para o espaço sideral e de lá, solicitar resgate para a estação e rezar para que chegassem a tempo.
Se desse errado, bem... Já estava condenada a morte, não é mesmo.
Pois que estivesse certa, pensou enquanto atava o traje do piloto ao seu pelo cabo de segurança.
E acionou os propulsores rumo ao metal congelado a toda velocidade.
   in_space_____by_hera_of_stockholm






















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