CRÔNICAS DOS AMORES ESPACIAIS–DE TRIÂNGULOS AMOROSOS E DOS CORAÇÕES NELES ENVOLVIDOS.VI

deadspace
Enquanto isso Judite vestira o traje espacial. Os sistemas ficaram operacionais e ela agiu rápido.
Dirigiu-se a escotilha de saída e a lente de seu visor transmitiu suas impressões visuais para os sensores contidos em seus chips de identificação.
Abriu-se de imediato.
Ela acionou os propulsores do traje e encarou o espaço. Acionou o computador de bordo e escaneou sua posição em relação às velas e a nave reparadora. Traçou a rota mais rápida. Calculou os recursos necessários para a trajetória de interceptação. O traje suportaria.
Começou a manobra acompanhando o visor do traje, a mente querendo se desviar para a revolta com a sordidez de Leandro, com o tamanho doentio e assassino de suas ações. De seu ciúmes.
Não permitiu. Concentrou-se em ajustar os propulsores em direção à nave reparadora que entrara em seu campo de visão.
Girava lentamente mas avançava mais rápido que supunha, cada rotação aproximando-se da colisão fatal.
Judite parou de pensar e deu uma descarga violenta nos propulsores.
Atingiu uma velocidade perigosa para abordar a nave reparadora, a força do impacto, caso não acionasse os as travas magnéticas a tempo para prender-se a nave, a lançaria desgovernada no espaço sideral.
E a nave crescia em sua direção. Como se fosse a esmagar.
Respirou fundo e deu uma potente descarga desaceleradora nos propulsores e acionou as travas das mãos e pés. Suavizou o impacto com a superfície da nave com os joelhos. De cócoras magnetizou as travas das mãos e dos pés e grudou-se à nave. Desmagnetizou as mãos e levantou-se.
No Centro de Comando, do alto do boulevard, Leandro observava sua chegada. Havia acionado as câmeras externas da nave reparadora. Não se importava mais com a estação intergaláctica. Todos os sistemas estavam operando no automático.
Concentrava-se exclusivamente em assumir o controle remoto da nave reparadora e observar Judite em sua aproximação desesperada.
Mas algo rompera-se em sua mente. Algo que não suportara o terrível horror do abismo de sua alma. A Insanidade o atingira num estalo de dedos. Seu cíume, o amor que se tornara doentio era apenas uma prova da vastidão de seu amor. “Será que ela entenderia o quanto sofreria, em seu último e extremo ato de paixão,
“Claro que sim, ela faria o mesmo pelo seu amado. E você poderá unir-se a ela, meu caro... Depois. Num puxar de gatilho, uma bala na cabeça e pronto. Tudo estará terminado e terá a eternidade para seduzi-la, mostrar-lhe o que é o verdadeiro e único amor. Mais infinito que o Cosmos. E ela o venerará, ao perceber a verdade, o poder belo e terrível, irresistível da escuridão de seu Amor, confie em mim...”

No espaço Judite caminhava pela superfície da nave reparadora. Alcançou sua entrada e a câmera de despressurização. Acionou os códigos e entrou.
O mesmo estranho sentimento de morte iminente a invadiu. Algo estava errado. Leandro jamais permitiria sua entrada, caso mantivesse o decoro profissional. Estava preparada para recusar os chamados e driblar os protocolos que derrubariam os sistemas de seu traje espacial.
Mas não tinha ferramentas para hackear os códigos da nave reparadora. A entrada deveria estar selada, seu acessso revogado.Jamais deveria ter entrado, a não ser que houvesse algo mais alí, algo como o bug, ciumento escuro e maligno. Algo que Leandro planejava...
Esforçou-se para dominar seu instinto, antes que o pensamento se completasse. Haviam coisas mais urgentes a fazer. Concentrou-se no piloto e uma onda de paixão dolorosa varou-lhe o peito ao ve-lo em carne e osso, pálido e desfalecido debruçado sobre o manche de comando da nave.
Chorou. E as lágrimas inutilizaram o visor de seu traje espacial.
Caso contrário, talvez percebesse o as luzes de acesso piscando ao selar a entrada da nave.
Então saberia que estava trancada lá dentro.
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