CRÔNICAS DOS AMORES ESPACIAIS–UM AMOR NO INFERNO ESPACIAL–ONDE A EMPATIA CONDUZ A FUGA E AO AMOR

        BALE ESPAÇO
Elektra sempre fora devota ao profeta. E era a empata mais fudida que já se ouviu falar em todo o Cosmos conhecido.
Mas julgava-se uma mulherzinha. Educada para servir o homem com ela casado. Mas revoltara-se, o bem e o mal misturando-se em sua cabeça, deixando-a tão louca que só conseguia falar dançando.
Então, em meio a passos doblês e do ritmo doido do neobop e sufismos arcanos, ditava seus textos críticos para o microfone de seu collant orgânico biohackeado que imediatamente os publicava em seu blog “Z” na Cosmos Wild Web.
Assim expunha as safadezas e imundícies de Musk II. A todo o Cosmo Conhecido. Seus textos inspiraram uma geração de rebeldes, as palavras desta “mulherzinha” que quando acordava, bailava sobre as palavras, como se a cada passo e letra, pusesse fim a toda a tirania do universo, não só a de Musk II, mas a de nós mesmos. Essa era Elektra.
Até que, um dia, Musk II voltou o rosto para ela e sorriu.
SORRISO MUSK
E num piscar de olhos, cá estava ela, no Inferno Sideral, mais um membro de nossa tripulação de torturados cósmicos.
Aqueles olhos castanhos, anéis de Saturno, apostando alto enquanto o prazer mudo das drogas cibernéticas e a abstinência da dança a consumiam.
Perdia consistência, tornava-se um espectro a olhos vistos.
Ou seriam somente os meus.
Aqueles olhos castanhos. Remaria até o infinito por eles.
Sumindo e acenando para mim... Flutando, ou aquilo era um reflexo, um flair de luz estreboscópica holográfica deste Cassino Infernal?
Mas era ela. Em carne e osso. Esquálida, quase uma múmia, mas ela, matéria.
Ou ectoplasma, o que é um e o que é outro?
Tudo são subpartículas de partículas de outras físicas desconhecidas que insistem em explodir sob minha retina, todas com o seu nome, Elektra.
Elektra, os véus e os planetas que encerram seus mistérios, as marés cósmicas da paixão arrastando elektra para minha mente, dançando ela e eu, ou andando para um condutor de ar da prisão espacial enquanto jogávamos caxeta, já não sei.
Falávamos, eu falava depois de vidas calado.
Ela dizia:
--- Shhhhhhh..Venha fugir em voo livre pelo Cosmo afora, onde finalmente, quem sabe, poderíamos falar e dançar a sós e juntos, por toda a eternidade, você e eu.
Então impulsionei-a para o alto, para a a saída, para o duto de ar. Rumo as entranhas mecânicas deste Iate Sideral cheio de secreções de zumbis condenados a viver morrer viver, pobres coitados que somos. Quem iria vigiar-nos? Ninguém queria fugir.
Não eu. Fugir. Escapar. Segui-la através dos intestinos deste inferno mal digerido, caverna onde Cérbero devora a si mesmo, Sísifo é esmagado pela Rocha inúmeras vezes, e todos os belos e terríveis exercem suas tiranias.
Livre. Bastava segui-la. Ela sabia onde ia. Elektra havia penetrado na mente do Piloto do Iate, do Comandante do Inferno Espacial e a hackeado.
Conhecia todos ao acessos destes corredores de metal por onde circula o ar e os sons espectrais dos zumbis que somos agonizando em seu prazer infernal....
E por ela toparia encarar qualquer game over. Eu a amo. Ou sou insano?
Os dois!
dancing-in-space

























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