CRÔNICAS DOS AMORES ESPACIAIS–DE TRIÂNGULOS AMOROSOS ESPACIAIS E DOS CORAÇOES NELES ENVOLVIDOS - V

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Quando a imagem de Judite sumiu de sua tela, Leandro contemplou a estática da transmissão. Por um bom tempo ficou lá parado, já imaginando o que Judite faria. Arriscaria sua vida para ir a nave e resetar seu sistema operacional para salvar o piloto.
De repente o botão vermelho a sua frente pareceu-lhe menos atraente...
“Que pena... mas, meu caro, sejamos francos, ela já sabe... Foi delicada, não quis acusar você numa transmissão aberta, veja o seu pessoal...”
O Diretor do Centro de Comando então repara, pela enorme janela de um boulevard, uma sala privativa construída sobre todos os operadores do Centro de Comando, com acesso irrestrito e prerrogativas totais para cada detalhe da missão.
Lá embaixo os operadores olhavam para a estática e comentavam uns com os outros o que acabaram de assistir. A Cel. Peixoto desviara o sinal para um canal aberto. Mesmo do Boulevard, Leandro podia ter certeza de que também sabiam da origem do bug. E dele. Porém sabia que todos iriam se calar, eram profissionais treinados para aceitar os privilégios profissionais do “Homem do Boulevard” e todos os comandos de sua workstation privada e irrastreável.
Tudo o que havia era a certeza sem provas. E ele fora treinado para suportar essa tensão. Apenas ossos do ofício. Sua voz interna porém, sabia que iria sofrer profundamente com o ódio irrevogável de Judite.
“Pense, meu querido, você não acusará sua querida de motim. Ela foi esperta o bastante para garantir isto. O resto da vida será odiado, depois deprezado, depois esquecido e enterrado no coração do seu amor. Uma visão apenas metafórica, porém deprimente de um morto em vida. Imagine seu sofrimento: dia a dia, o desencanto e a amargura perfurarão um pouquinho a ferida que a lâmina dela, seu desprezo e seu ódio por você, começou a cravar hoje em seu coração. Insuportável, não?!
Leandro balançou a cabeça, sua consciência se aprofundando nos mais escuros tons do negro de seu amor.
“Pois sofra tudo já e tenha o resto da sua vida para chorar até aliviar-se e nunca mais amar, velho idiota. Termine com sua miséria. Acabe de vez com seu Amor. Corte esse sentimento indecoroso para alguém de sua envergadura e experiência, para não dizer idade, meu caro. Aperte o botão. Vou te dizer a hora... Temos um acordo?”
Novamente o balançar de cabeça, a entrega irremediável de tudo o que havia de ético e transparente em Leandro, sua lucidez e discernimento, tudo como um sacrifício. Ao sucesso da morte do Amor. Pois apertaria o botão, quando a hora chegasse.
Um tributo à escuridão que restara em seu peito oco.

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