CRÔNICAS DOS AMORES ESPACIAIS– DE TRIÂNGULOS AMOROSOS ESPACIAIS E DOS CORAÇÕES NELE ENVOLVIDOS

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No Boullevard, Leandro estava imerso em delírio, só via o som de suas palavras desconexas, sem perceber os movimentos de Judite. Até que uma violenta explosão acordou-o de seu transe.
Pela câmera viu um buraco onde havia a porta de entrada da nave reparadora. Tudo o que continha na Alfa 01 estava sendo sugado para o vácuo implacável do espaço sidera.
Judite havia escapado.
Recuou as imagens até o ponto exato da fuga. Ficou pasmo. Judite havia se arremessado a toda velocidade rumo a porta selada e a estraçalhado. Pedaços voavam por todo o interior da Alfa 01, enquanto ela e o piloto, trajes espaciais atados pelo cabo de segurança de liga nanotitânica dos trajes espaciais.
O botão vermelho deixou de ter sentido.
Teria que adotar medidas extremas. Homicidas.
Acessou remotamente o controle da Alpha 01. Corrigiu a órbita, a nave parando de rodopiar aos poucos, e, quando o faz, está apontada diretamente para o casal em fuga no espaço sideral.
--- Eu sou o homem das estrelas, quero te encontrar, mas tenho medo de explodir sua mente – Canta Leandro, quando aciona o motor da nave, trajetória traçada para interceptar o casal.
--- Deixe as crianças brincarem, deixe elas acreditarem, deixe elas sonharem, no final as pegarei. E explodirei suas cabeças.
Aciona os braços cibernéticos, fechando suas garras com todas as forças como se nelas houvesse dois corpos.
Sintoniza o sistema de comunicação dos trajes espaciais e recomeça a cantar enquanto avança veloz e implacável, braços cibernéticos a frente, garras abrindo e fechando, sonhando em explodir os sonhos das crianças espaciais em fuga.
--- Eu sou o homem das estrelas, quero te encontrar, mas tenho medo de explodir sua mente. Deixe as crianças brincarem, deixe elas acreditarem, deixe elas sonharem, no final as pegarei. E explodirei suas cabeças.
No espaço, Judite sentiu um calafrio de medo percorrer sua espinha ao ouvir a voz de Leandro, rouca e baixa, quase inumana de tanta loucura cantando a bizarra canção de ninar.
Estava acionando o pedido de resgate quando a canção começou. Não chegou a solicitá-lo. Voltou-se e viu a Alfa 01 avançando rápida e terrivelmente ameaçadora com seus braços mecânicos estalando forte cada vez maiores a sua frente.
Acionou os repulsores rumo ao deque, quase. Queimou combustível sem calcular nada. Puro instinto de presa em fuga. E disparou numa corrida louca, tentando escapar da morte que avançava rumo a ela e a Fitzgerald na forma de uma nave reparadora ensandecida.
Quase riu de medo e desespero.
--- Deixe as crianças brincarem, deixe elas acreditarem, deixe elas sonharem, no final as pegarei. E explodirei suas cabeças.
A canção ecoava em sua cabeça enquanto ela ria e chorava, o combustível acabando. Mas o deque também ficava mais próximo.
Tentou ganhar tempo, tentando entrar na loucura de Leandro.
--- Abraçe-me devagar com seus braços cibernéticos meu amor. Abraça-me devagar e serei sua – Judite respondeu à canção bizarra, no mesmo tom da voz ensandecida.
A Alfa 01 desacelerou e parou como se a voz, a súbita e falsa declaração de Judite, o atingisse como um raio.
Era o que bastava para ela. Numa última descarga, queimou todo o combustível, atingindo a velocidade máxima do traje espacial rumo ao deque.
A Alfa 01 permaneceu extática, não acreditava no que via, num momento a plena promessa do amor, noutro sua fuga. Então a raiva superou o choque e a nave avançou a toda velocidade, impulsionada pela terrível insanidade de Leandro.
Mas era tarde demais.
Judite estava próxima demais do deque de aterrisagem do deque espacial. Iria alcança-lo a duras penas mas no final escaparia de seus braços cibernéticos.
Explodindo de raiva e frustração a Alfa 01 deu tudo de si rumo ao deque, rumo ao suicídio, rumo a destruição dos amantes e de tudo o que representava um amor frustrado. A morte a aguardava. “Mas não iremos sozinhos, Alfa 01, levaremos quem nos traiu” pensava Leandro, totalmente fundido com a nave espacial.
--- Eu sou o homem das estrelas, quero te encontrar, mas tenho medo de explodir sua mente. Deixe as crianças brincarem, deixe elas acreditarem, deixe elas sonharem, no final as pegarei. E explodirei suas cabeças...
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