CRÔNICAS DOS AMORES ESPACIAIS–UM AMOR NO INFERNO ESPACIAL–DE LABIRINTOS E MINOTAUROS DOS AMORES PASSADOS

insanity_by_delevit
Os corredores dos dutos de ar do Inferno Espacial eram ásperos, escuros e estreitos. Sombras, éramos sombras, toda matéria dissolvida nas trevas daquelas paredes de alumínio titanizado. Porém, podíamos dançar, mentes unidas, uma vela, Elektra, a seguia devagar, em delíriu tremens. Já passara a hora de minha dose cavalar diária de neuroestimulantes cibernéticos.
E as lembranças de outras vidas me sacudiam, a mesa de jantar, outra mulher, alguém que amei e esqueci, seu rosto, um triângulo perfeito, os olhos com pupilas verticais, brilhantes como se fossem gigantescas pururinas, essa mulher, uma alienígena que abandonei, rasga o colchão onde dormíamos e arremessa pratos.
Sem amor morro, ela disse.
Uma onda de cíumes violenta sacode a imagem, ela, alienígena, Ariadne ganha chifres e bufa, um minotauro que se desvanece a medida em que me ataca.
Elektra sobre mim, a boca ávida, delirante em ataques de língua em meus lábios. Abro a boca, uno-me a ela, as lembranças, seu minotauro, um bigodudo figurão conservador do sistema legislativo cósmico em egotrips mentais sobre o sexo das leis. Acossada pelo terror da violência de um ego insuflado, Elektra encolhia-se toda para receber a violência subjacente às torturas mentais.
O figurão lhe injetava frustração, dor e a humilhação das ordens degradantes. Seu idólo. Musk II.
Quando soube do blog rebelde de Elektra, o “Z”, não teve dúvida.
Traiu-a de várias maneiras, mas o que fez a seguir foi pior. Caguetou-a.
Elektra estava no Inferno Sideral por ele, mas por mim seria libertada, morreríamos juntos, livres, felizes, viveríamos para sempre. Ou só viveríamos, tudo é a mesma coisa.
Então o figurão apareceu na nossa frente, cabeça de boi com sua capa negra envolvendo os ombros, por trás de sua escrivaninha a de mogno cultivado organicamente.
Ali no meio das paredes metálicas, das sombras, dos murmúrios dos agonizantes em jogatinas intermináveis, ao insuportável cheiro da miséria humana, o monstro, pois mesmo se humano fosse, não deixaria de monstro ser, nos impedia a passagem.
Mas o delírio não era páreo para nossos corpos unidos, braços e pernas juntos, rolamos nos beijando sobre o figurão-touro, causando-lhe uma frustração tão grande que resolveu desaparecer.
Ou nunca existiu, não sei estava escuro demais e os malditos uivos dos onanitas apostadores de orgasmos perdidos não deixavam de ecoar em minha cabeça. Mas estou com vertigens de labirintite de qualquer maneira.
Prosseguimos, rolando, unidos até chocarmo-nos com a parede final do corredor que se abria em dois caminhos.
O choque foi real. Cortamo-nos. Sangrávamos.
E o sangue em nossas mãos unidas era um pacto de vida e morte.
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