QUÍMICA VORAZ IV– OU DIÁRIO DA ADAPTAÇÃO AOS REMÉDIOS.

 

 

 

                                         Chemistry" Journal for Sale by SandiTyche

 

 

Casa – madrugada – lentidão cerebral.

Acordo e já sei que não me adaptarei à química voraz.

Molhei-me como se tivesse dado um mergulho numa piscina.

Nem senti.

O cérebro, lento, titubeia.

Mas não posso deixar o quarto assim.

Ao mijo mijará.

Forço o cérebro a mover meu corpo ao fogão.

Faço café. Ovos mexidos.

Sempre amei este café da manhã.Devoro-o Ele energiza minha mente.

Vou à luta. Limpo o quarto mijado. Preparo a mesa de trabalho.

Vou tirando a mente de sua zona de conforto químico. Inútil.

Tento acordar vendo pornografia. Inútil.

Tudo se embaralha e desembaralha ao mesmo tempo na lentidão cerebral.

Mas é melhor do que na:

 

Clínica psquiatrica – madrugada – cigarros proibidos

 

Eu e C. acordamos molhados novamente.

Ouvimos o pássaro da madrugada cantar dando 5 a.m.

Seu radio anuncia o programa de notícias.

Há uma sensação de alívio.

Ele acende seu primeiro cigarro do dia.

Eu também.

Temos que ter cuidado.

Colchão de plástico, lençois e o medo da enfermagem daquela bagaça pegar fogo.

Não queremos nem saber.

O cigarro da manhã é sagrado e o café da manhã distante.

Engendramos esquemas para dissipar a fumaça.

Escalonamos o banho.

Racionamos desodorante e perfume em caso de necessidade.

Mas o cigarro apenas realça o cheiro da urina.

Ainda na escuridão da madrugada, cansados e lentos,

dormimos frustrados.

 

Casa – dia – o amigo do meu amigo me contou…

 

Não gostei.

Soube que minha química diminuíra através de minha irmã.

James bond particular, ela tomou a frente nas negociações com a Psiquiatra que deve me achar meio doido por  ter enviado uns textos e um áudios p ela.

Sempre faço isso como terapia.

As vezes o tiro sai pela culatra.

Como aqui.

Mas a química diminui e isso é bom…

 

Casa – noite – pílulas prá que te quero.

 

Depois de um dia inteiro trancado em casa tentando ler e escrever, estudando editais culturais e o que mais a vida me colocasse na porta, estava cansado. Dormi às nove. Quase arrombaram minha porta às 10 para tomar remédio.

Advertência para não trancar a porta anotada.

 

Casa – madrugada – virar da cama.

 

No tombo que lhes falei, torci o joelho. Está difícil a locomoção e assentar a perna numa posição que não seja dolorida.

Vem o fluxo, não vai dar tempo p alcançar o urinol.

Viro na cama para uma posição confortável e segura.

Mijo em desperdício.

Mas as lágrimas que vem com ele, guardo.

Elas terão sua função…

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