QUÍMICA VORAZ VI–DIÁRIO DA ADAPTAÇÃO AOS REMÉDIOS–DAS COISAS QUE NÃO FORAM DITAS.
Eu estava quase desmaiando dos remédios que havia tomado.
Falando tudo para ela.
Contando a situação, que não mudou,
piorou hoje em dia, mas isso é outra história.
Ela comportou-se com carinho, distinção, urgência.
Uma lady tratando um gorila selvagem.
Ela levava uma carga maior que a minha,
creio que sabia, sempre soube, o que fazia.
Eu não.
Não me lembrava de nada até ver a conversa bloqueada.
Deu-me vergonha de mim mesmo.
Um orgulho estranho dela.~
O resto foi rápido…
Estávamos no WhatsApp.
Eu não sei o que ela fez primeiro.
Se me bloqueou, acho que sim.
Ou se chamou os médicos.
Disso tenho certeza.
Era enfermeira, sabia onde eu morava.
No surto químico que me levara a tomar
opiáceos
soníferos
ansiolíticos.
E dedicar-lhe, não um bilhete,
mas um monologo, uma narração real time,
de meu frustrado suicídio
Uma Tortura.
Tornara-me
mortalmente tóxico
Até…
O branco que veio.
No ato consciente de não continuar com aquilo.
Mas depois do branco,
o nocaute da química que, voraz, assolava-me.
Longo sono sem sonhos.
Uma delícia.
Até que:
Acordei.
Quarto cheio de enfermeiros mascarados.
Sim, ela chamara os medicos.
Disso sei.
Mas não sei se saberá
Que salvou-me a vida.
E a ela dedico esse prelúdio.
Ela que, mente ligeira, saberá disso tudo.
Inevitavelmente…
Comentários
Postar um comentário
Mande fumo pro Curupira