O ÚLTIMO PACTO I–DE DECREPITUDES E ENTIDADES
Ele sentia dor. No corpo inteiro. Manter-se acordado lhe dava enxaquecas.
E também bules de café e maços de cigarros.
Ele queria dormir.
Mas tinha medo. A decrepitude chegara muito rápido. Seu corpo forte transformado em pele e ossos numa cadeira de rodas aos 50 anos. A morte podia bater à sua porta enquanto dormia.
E um velho decrépito não resistiria a isso.
E como isso aconteceu rápido, sua decadência física. E de uma hora para outra, sem motivos.
Ao menos era o que a ciência dizia.
Ele tinha uma outra visão dos fatos.
Fuçara o fantástico e o sobrenatural.
A magia arcana.
Chegara a quase loucura com isso.
Era um investigador da Abin com o hobby de investigar o sobrenatural.
Mas a investigação levara a prática sem orientação
E agora isso o levava a morte.
Espíritos brincalhões faziam dele
a piada de seus pesadelos.
Escuros, sombras, ele nu, magro e feio sentado na impotência de sua cadeira de rodas.
Sob um holofote.
Muitos risos ao fundo.
Risos que nenhum ser humano deveria ouvir.
Sarcásticos, roucos, desesperados.
Como demônios tentando escapar do inferno.
E o tentando com suas artimanhas.
Ele desistiu de resistir àquela loucura infernal.
E porque deveria?
Suas atividades sobrenaturais não o amaldiçoavam?
Não definhavam seu corpo até a ignomínia humana?
Pois então?
Um último pacto.
E sua saúde de volta.
A alma, há muito já perdera.
E, sussurrou o nome de seu entidade predileta…
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Mande fumo pro Curupira