FERNANDO LOZANO, UM MESTRE CONTEMPORÂNEO DA COR

 

 

                                            fernando lozano auto retrato

“Fernando Lozano é um pintor de murais,
escultor e escritor contemporâneo e
vivo, cujas pinturas estão presentes em
vários museus e coleções particulares
na Europa e América. Infelizmente essas
são as únicas informações a respeito do
artista que constam no Facebook,
principal fonte de informações de dados
a respeito do artista, que vive
atualmente em Londres.
Este texto só pode ser escrito graças a
breves trocas de mensagens com o
artista e com sua aprovação, o que
aproveito para agradecê-lo do fundo do
coração.
Uma das principais características do
artista é que suas cores desenham
traços de imagens, remetendo-nos ao
estilo desesperado de um Francis Bacon,
que aqui aparece com mais delicadeza.
Há um equilíbrio entre amarelo, azul e
vermelho nas paisagens de, onde cores
como verde e marrom são secundárias e
realçam as cores principais. Como se
através das cores, o artista mostrasse
a vida do ser humano, efêmera e
colorida, em meio a um universo escuro
que a contém e a inerente tendência do
homem à dissolução.

Exceções à essa paleta, são seus
noturnos, onde os traços humanos são
bem definidos e mais realistas.
Os gestos humanos, porém são formados
por linhas, um traço delicado apenas, e
estão cercados por intenso
enquadramento negro. Como se, na
escuridão da noite, o artista realçasse
os traços das figuras retratadas,
pequenas luzes de carne flutuando na
escuridão da noite.
Também vale destacar a série de auto
retratos onde Lozano se mostra um homem
multifacetado que pode pintar o que
sente quando mostra afeto por seu gato,
seu sexo e como ele vai ao banheiro com
um grande senso de humor e respeito
próprio ao mesmo tempo. Um pouco de
vaidade também. Mas saúdavel, o tipo de
vaidade que faz de um quadro uma obra
de arte.”

Este é um texto que fiz para o coletivo Literocupa em 2020.

E estas são as imagens que o inspiraram.

in the bathroonone who he returnsin my solitude i have my chair, mi wind and my sunin the ninghtself portraitself portrait with a cat

De lá para cá, o artista mudou-se varias vezes, de Londres para Havana, Caraíbas e finalmente para Réus, Catalunha, na Espanha, seu país natal.

Cidadão do mundo, passou a retratar o mundo que percorria.

O que resultou numa evolução considerável de sua obra. A cor passou a ganhar mais importância ainda:

fernando lozano problems with a trout

Em nossa ligeira conversa, Lozano admitiu a importância dos sonhos e suas cores em sua obra, daí o uso onírico dessa paleta de cores onde o amarelo dá o tom ao verde, ao azul e ao vermelho. E ao próprio negro do quadro. No tom amarelado estão ancorados os elementos urbanos e a própria noite do quadro, o cenário para uma narrativa que é quase um sonho. O branco.

Bem, é aqui, nos traços em branco que funciona a linguagem dos sonhos, pois “Problem with a Trout” sobrepõe ao amarelo a imagem central de um peixe, a truta a que se refere o título e seu problema.

Um problema que envolve uma figura fumando de maneira  ligeiramente agressiva e que parece disfarçar seu interesse no peixe.

Há também uma figura humana sugerida, uma dama segurando um pacote. Seria o peixe a que se refere o título e a imagem central? Estaria o cara fumando planejando um roubo?

Ou eu estaria apenas imaginando e vendo o que quero ver nesta magnifica composição?

Vejo tantas coisas nesse quadro, mas talvez o que importe realçar, mais que seu significado seja sua composição e o uso disruptivo que a cor tem nela, o amarelo sendo uma escolha radical par servir de base para todo o quadro e seus múltiplos significados.

As cores ganharam muito mais importância nas últimas obras do artista.

Pelo menos as que ele posta no Facebook que é por onde acompanho a evolução de sua arte.

Obras como esta:

fernando lozano village flowery trees

 

Aqui Lozano distorce a perspectiva em preto e branco nos remetendo ao expressionismo, mas ao mesmo tempo rompendo com essa escola ao emoldurar com traços vermelhos verticais duas arvores feitas em pura tinta azul.

Daí o título dessa obra, “Village, Flowery Trees”.

A vila a que se refere o título está contida no preto e branco. É formada por ele e por ele se conecta revelando uma vidinha ao mesmo tempo singela como indicam as figuras da mulher e criança caminhando sob o olhar do cachorro, mas, ao mesmo tempo tediosa.

O tédio quebrado pela intervenção do artista em traços vermelhos feitos como que de baixo para cima para dar força às arvores azuis, único alívio colorido desse pesadelo entediante.

Não se engane, as cores são a chave para qualquer obra de Lozano:

fernando lozano un rincon de my studio

 

Acho que não me resta muito mais a dizer, empolguei-me mais uma vez, basta reparar que esta obra é: “Rincon de my Studio”, um estúdio que se localizava em Havana, cidade que o artista confessa ter paixão, como mostra a bandeira cubana na base do quadro e as próprias cores que captam toda a luminosidade do Caribe.

Aqui não há tédio, mas tudo o que é confortável ao artista, tudo cálido, macio, espartano, mas aconchegante, pura cafeína visual.

Mas creio que já falei demais.

Vou parando por aqui.

Deixando-os com os vívidos sonhos e pesadelos em cores dançantes de Fernando Lozano:

Facebook de Fernando Lozano

 

 

 

 

 

 

 

 

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