CALEIDOSCÓPIO DE ESPELHOS - A ARTE DE MARI MONTEIRO

 

Mari monteiro

 

Mari Monteiro gosta muito de tatuagens.

Ela não grafita sobre a superfície das coisas, antes tatua-as.

Intervêm em seu estado original transformando-as em outra coisa e com isso eleva-as a um status de algo mais.

Um algo mais indefinível que, segundo Mari atinge o inconsciente, brinca com ele e o faz interagir com sua obra de maneira lúdica.

Monteiro enche as coisas que tatua de significados. Elas começam a significar algo mais do que eram antes de serem objetos de sua arte.

Creio que posso contar uma história sobre isso. Para vocês também entenderem o tipo de pessoa que é Mari Monteiro:

Não sou um cara de redes sociais. O Facebook atende minhas poucas necessidades de interação social digital. Posto o que tenho para o dia, dou uma corujada nas pessoas que tenho interesse e vou embora.

Mari sempre é uma delas. Foi um prazer e tanto acompanhar sua evolução, que ela mesma define muito bem: “Eu gosto muito de tatuagens, tenho muitas. Frida Kahlo foi, por algum tempo, a minha inspiração, quando eu fazia corações humanos, antes do calligraffiti. ”

“Falava sobre essa força interior, a luta das mulheres. Com o tempo transacionei de estilo, do coração humano pra a caligrafia. Algo que me despertou interesse e paixão. A questão da abstração e do imaginário. ”

Mari põe seu talento para melhorar o mundo, não tenho dúvidas.

Seu caligrafite muda o que toca.

Uma vez li um longo texto de Mari no Facebook que dizia basicamente que havia intervido num humilde estabelecimento comercial que precisava de um up. Não vou perder tempo transcrevendo-o. Vou mostrar o trabalho de Mari. Pro-bono, gratuito, na faixa.

Fez de coração por paixão ao ser humano, por compaixão e admiração pela luta injusta e desigual de alguém que precisa sair do poço e não para de trabalhar para isso:

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Imagens do bar – antes e depois.

Sob o ponto de vista do marketing, o bar passou a ser um lugar mais vendável, atrativo, convidativo. E, pelo da arte, mais belo.

Porque de seu significado concreto e comercial, passou a ser algo mais abstrato.

Pois tornou-se estético.

Passou a fazer parte de algo mais do que era.

Algo que gostaríamos de fazer parte, estar lá, tomar uma birita para nos aquecer nos dias frios, ou mesmo uma coca cola num dia quente de verão.

Não sei bem.

Ele ganhou tantos significados...

E o ato de Mari atingiu meu coração.

É poderosa essa menina. Além de talentosa, sangue bom.

Com essa arrancou lágrimas de meus olhos...

Mas sejamos objetivos:

Devido a sua técnica de lettering, a customização de letras, (também vinda do tattoo), a artista consegue suavizar o forte e pesado romantismo gótico com as suaves modulações dos grafismos árabes em mandalas onde a cor e a superfície que ela atinge parecem ser o tema:

                                                                              clip_image005

 

Uma questão subjetiva que remete ao Self de cada um. O que nos faz singulares e únicos. O que nos faz humanos, enfim.

Como um caleidoscópio de nós mesmos.

As obras de Mari são espelhos, cada uma refletindo um fragmento de nosso self.

Uma instância d’alma, de nossa persona íntima. Contemplar a página de Mari no Instagram é como ver-se fatiado por espelhos.

Sangramos.

Despedaçamo-nos em nossos reflexos.

Perdemo-nos de nós,

Para, ao final da visita,

Retornarmos mais inteiros e plenos.

Pode parecer loucura mas faça a experiência:

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Loucura, né...

Mas quem não quiser ver loucos, por favor, não contemple a obra de Mari Monteiro. Ou veja-a pelo bom lado da loucura: aquele que revela o bem que há oculto pelas sombras de seu peito.

Comentários

  1. Obrigado pelos elogios e principalmente por reconhecer a artista. Ela realmente merece...

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