E não sabia isto







Então é assim nesta cidade:

Acordar num susto no escuro.

Café, dois pães com margarina. Um queijo barato.  

Escovar os dentes enquanto murcham os testículos,

O cu apertado na mão.

Só assim pra vestir o uniforme da fábrica.

Lá, a boca fundida em zíper. Bom dia dito por narizes.

E, se a fome aperta, trabalhe mais rápido.

Assim se produz mais.

O meio dia almoçado na rua.

Com uma sombra, se houver.



E seja o que Deus quiser.

Amém, Aleluia.



A tarde como um pancadão.

Dançando funk no requebro das máquinas.

Enquanto se bebe água em manjedouras de alumínio,

Sempre vigiadas.

Segundos descontados em tua sede de mula.

As janelas escoam a luz lentamente,

Mas não se pode ver através delas.



À noite, um trago.

Disfarçando o cansaço diante da TV.

No bar ou em casa, não importa.

A partilha mesma e sempre do sempre e mesmo dia

E o alívio de saber que, ao contrario de muitos,

Amanhã tem mais.




Pensar, suicídio. Gozar desperdício.                 

Piada, assim somos nesta cidade                


E eu não sabia isto.



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