Duas Coisas
1.
Cinema brasileiro
A título de esclarecimento:
falei antes que não gosto do cinema brasileiro. Cinema brasileiro
contemporâneo. Comedinha romântica prá engrossar currículo de ator global ou da
record não é comigo. Também não gosto desta coisa de ficar filmando favela,
polícia, o submundo. Numa destas, ou é filme de gente rica ou de gente pobre.
O pressuposto básico de
qualquer comédia romântica é que os personagens não têm problemas com grana. E
nunca vi um filme de submundo ou de favela real. Há uma tentativa de ser
realista, mas, ao menos para mim, acaba sendo tudo caricato. Por um motivo
simples: nossos cineastas não pertencem a este meio. Podem ser fascinados pelo
tema, mas não o dominam. Uma vez um jovem intelectual me disse que ao menos
filme brasileiro não tem efeito especial. Eu retruquei dizendo que numa breve
passadinha por uma favela do Rio, o Hulk no filme de Louis Leterrier com Edward
Norton é um efeito especial que retratou o morro, em poucos minutos, com muito
mais propriedade e realismo que, digamos, Tropas de Elite em duas horas.
Quanto à comedinhas românticas, são mais
americanas que brasileiras, e falam de gente rica, como já mencionei.
Então cadê a classe média brasileira na telona.
Não tem. Grave erro. A classe média é o palco em que se encontram a tragédia
dos pobres e a comédia dos ricos. Os ideais das duas fundem-se nela para formar
tanto o que chamamos “Valores Universais”, bem como o elemento comum que
retrata a identidade brasileira.
Hoje em dia, este cinema é um retrato totalmente sem foco do brasileiro.
Abro uma exceção para “Cine Holliud”. Um filme
cearense com legendas em português, que deu lucro no nordeste e no estrangeiro
e não foi distribuído nacionalmente, ou seja, não passou nas telonas do Brasil.
Porque confirma a regra, porque não estava no esquemão deste cinema insosso que
não é meu, nem teu, nem nosso, mas de poucas pessoas donas de um pedaço de bolo
já fatiado.
2.
“E foi o que fiz”.
Este fim do primeiro post é um
plágio descarado do livro “Cartas na Rua” do Bukovisk. Tentei dar ao texto um
tom Marie Keyes de Melancia, mas me sai um Bukovisk no final. Não tem jeito.
Amo esse cara. Ao invés de ser um santo pecador como Dostoievski, é um pecador
dos infernos. Aliás, acho que ele peca pra poder escrever.
Mas isto é outra história....
Comentários
Postar um comentário
Mande fumo pro Curupira