BLOOD, BLOOD, ROYAL BLOOD

 

royal blood 1

Sinceramente, não queria assistir a “Noite do Metal” do Rock in Rio. Ou melhor, só queria ver Korn, afinal, nunca assistira um show desta banda que gosto muito. E gostei do show, excetuando a parte do guitarrista jogando palhetas pro público como quem joga pérolas aos porcos.

Agora, com todo o respeito aos fãs destas bandas, Motley Crüe, Metallica… Bem, acho que já vi tudo o que tinha que ver destas bandas quando era adolescente. Nada de novo no front.

Muito pelo contrário, enjoei de ver e ouvir estes caras.

Então, quando já ia desligar a TV, surge uma apresentadora anunciando Royal Blood super empolgada: “Vocês vão ver como estes dois caras conseguem fazer muito, mas muito barulho”.

Perái. Dois caras. O que é isto. Nunca vi um duo de metal em minha vida. Fiquei curioso e resolvi arriscar. Não me arrependi nenhum pouco. Muito pelo contrário. Amei.

Uma pegada de blues, outra de Road Rock, um cara só dando conta de toda a cozinha. Parecia que tocava ao mesmo tempo baixo e guitarra e ainda por cima dava a deixa pro baterista simplesmente arrebentar. Que que foi isto?

E o baterista batizando a bateria com água, como se fosse sagrada. E o guitarrista deixando a guitarra falar para o público entoar o refrão.

E sem aquelas poses batidas de metaleiro véio. Nada de sacudir a cabeça nem cantar balançando a cabeça, com pé apoiado na caixa, a guitarra sustentada como uma arma. Uma presença de palco britânica, irônica e que privilegiava a música, o som simples e poderoso que vertiam de seus instrumentos.

E de novo o baterista mergulhando na multidão. Adorando aquilo. Estes caras sim, mostraram atitude Rock’n Rool. E o riff do Iron Man revelando e prestando homenagem ao Black Sabbath, que deu origem a tudo.

Alucinei junto com a multidão. Blood, blood, Royal Blood.

E olha que tinham a difícil missão de antecipar o show do Crüe.

Foi um jorro de água fresca num estilo de música que considerava desgastado, beirando a nostalgia. Posso até estar enganado, mas era assim que me sentia até ouvir este duo.

E fiquei esperando os comentaristas para obter mais dados sobre a dupla. Bem, que caras chatos.

Teoricos do Rock tentando desvalorizar a banda. Um barbudo explicava que o fato do guitarrista tocar do jeito que toca era uma questão de alternar os pedais da guitarra. Nada demais. Ah, é gordo? Então porque não faz isto você? Porque não explica que ninguém nunca pensou em fazer isto antes? Porque você não fala como é difícil e novo acompanhar um batera velocíssimo alternando pedais? Despeito, inveja, ou o senhor doutor teórico não gosta do novo? Garanto que o dr. Metal barbudo e gordo, não meteu o pau nos acabados do Crüe, que dava dó de ver. Totalmente dependentes de pirotecnias sem sentido e músiquinhas batidas que vendiam discos há 30 anos atrás.

Então, apresentadores do Multishow. O meu mais profundo desprezo. Nem devia ter falado de vocês aqui. Pura perda de linhas. Mas agora já foi. Jovens velhos isto é o que vocês são por ter receio do novo.

Pois o mundo de hoje é abalado a simples menção de se mudar algo em qualquer campo, seja na música, na arte, na política, na sociedade. Todo mundo parece sentir-se mais seguro do jeito que as coisas estão.

Todo mundo curte o que curtia há 10, 20 anos atrás. E reclama de tudo o que não curtia há 10, 20 anos atrás. Plus sa change, plus sa meme chose. (Quanto mais se muda, mais é a mesma coisa)

Eu não. O ranzizismo do Curupira é desassegado, sempre buscando o novo e se fudendo com isto. Mas vou atrás mesmo assim.

E sábado a noite fiquei emocionado por presenciar o novo, ver que isto é possível, de uma maneira simples, concisa e direta.

Por isto, este aqui vai prá vocês do Royal Blood.

Blood, Blood, Royal Blood.

 

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Quem quiser dar uma espiadinha na abertura do show, é só clicar aqui

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