CRÔNICAS DOS AMORES ESPACIAIS– DE TRIANGULOS AMOROSOS ESPACIAIS E DOS CORAÇÕES NELES ENVOLVIDOS - I

woman_astronaut_in_space_suit_by_ociacia-d734415
A Cel. Peixoto estava aguardando o voo que a levaria para a estação espacial intergaláctica. Não estava feliz naquela manhã. Tivera mais uma interminável audiência para decidir a guarda da filha e perdera.
Vida irregular e imprevisível, a sra voa como uma borboleta de planeta a planeta, dissera soberano, vossa excelência o juiz, quase como se fosse uma vadia. Uma qualquer, não uma física doutorada em astronomia avançada, engenheira nano-espacial e astronauta.
.Suspirou profundamente. Nunca era reconhecida como tal. Sempre um reconhecimento insatisfatório de macho, “nada mal para uma garota”. Pois era jovem. 24 anos e designada como comandante de um importante estudo intersideral sobre a matéria escura encontrada na dobra espacial 2548-AJR. Todo o elogia que ouvira fora aquele mantra insuportável "nada mal para..."
Não fosse Leandro, e seu amor platônico por ela, jamais conseguiria o comando dessa missão, tinha certeza disso. Mas em seu amor, havia o reconhecimento, admiração, tudo isto com naturalidade e sem esforço. A Cel. Peixoto o adorava por isto. Muitas vezes pensou em concretizar esse amor, mas suas obrigações sempre estavam em primeiro lugar. E para ela, seria sexo, para ele, muito mais...
Leandro interviu sem que ela pedisse nada. Ressaltou suas qualidades e expôs seus feitos no conselho intergaláctico.
Ante a reação padrão dos velhos conselheiros “nada mal para uma garota”
Leandro reagiu:
--- Nenhum homem teria feito melhor, excelências.
E o silêncio dos conselheiros foi quebrado com a carimbada que designou a Cel. Peixoto comandante da missão espacial.
Sim devia tudo a Leandro. E sorriu involuntariamente, agora teria a oportunidade definitiva de provar seu valor, independente do sexo.
--- Você fica muito melhor sorrindo, Cel. Peixoto, se me permite a ousadia – uma voz desconhecida e alegre acordou-a de seu transe.
--- E você é... ela percebe que a sua frente há um homem ruivo e com uma expressão astuta no rosto. Está com o uniforme da Federação Intergaláctica, assim como ela.
--- Seu piloto, Fitzgerald. Estava para vir falar com a senhora, Cel, mas não queria interromper seus pensamentos. Mas, desculpe, não consegui resistir ao sorriso e achei que deveria me apresentar.
--- Ok, piloto Fitzgerald. Só espero que não espere só sorrisos de minha parte – mas intimamente Peixoto havia gostado da audácia do piloto. Pessoal e profissionalmente, se ele agisse como falasse iam se dar muito bem.
O piloto pareceu perceber isto, pois não se intimidou, sorriu e sentou-se ao seu lado.
--- De uma pessoa com um currículo como o seu, espero ordens para cumprir de bom grado, Cel. Admiro sua carreira e o jeito como trabalha. Sempre quis a conhecer. Vai ser um prazer trabalhar ao seu lado.
Peixoto ruborizou-se. Era a última coisa que esperava. Estava preparada para uma cantada típica dos militares da Federação, não para uma sincero e bem humorado respeito.
O piloto percebeu o rubor e virou-se, mas a Cel. pode perceber que o homem sorria. Mas jamais acreditaria se alguém lhe dissesse que, neste exato momento, inexplicavelmente um amor insuportável florescia no coração do piloto. Assim, na lata, de uma hora para outra, totalmente inesperado, imprevisto e implacável.
--- Que bom que pense assim piloto, também sei que é muito bom. Vou exigir toda sua perícia para controlar a estação. Talvez mais.
Nesse momento a Cel. Peixoto viu Leandro e foi ao seu encontro. Abraçou-o, e depois afastou-se. Leandro observava o piloto que contemplava a cena. Encararam-se, mediram forças. Instintivamente sabiam que eram rivais. A Cel. Peixoto percebeu, mas ficou em silêncio.
Era um momento onde patentes e hierarquias não importavam. Um duelo imperceptível onde homens mediam força para decidir quem amava mais.
O que poderia fazer a não ser deixar o momento passar.
E quando passou, Leandro beijou-a nas faces, deu-lhe um apertão nos ombros e misteriosamente lhe disse:
--- Não se esqueça de mim, Judi – o primeiro nome da Cel. Peixoto era Judite -. Nunca. Porque nunca deixarei de estar perto de você....
E foi-se, deixando Judite parada no meio do saguão do espaçoporto intergaláctico da Federação espacial.
O voo foi anunciado. O piloto foi até a cápsula de condução da aeronave que os conduziria até a estação espacial.
--- Cel? Nosso voo. Estamos na última chamada.
O desgraçado do piloto sorria, não parava de sorrir, pensava Judite. Sabia que na batalha dos olhares amorosos entre ele e Leandro, seu coração elegera o piloto. Instinto primal de fêmea.
Uma coisa que devia combater, era uma mulher civilizada, sua mente treinada para alta resiliência de sentimentos em prol de suas ordens. E ordenara ao seu coração há muito tempo a não se apaixonar. O amor era um luxo a que não podia se dar. Já tivera sua experiência, fora amarga e lhe fora retirada parte de si mesma além da filha que amava. 
Outro amor atrapalharia sua carreira, já estava atrapalhando, pensou ao sentir, lá dentro um brilho fulgurante e desconhecido ao contemplar o piloto sorridente. Um calafrio lhe passou pela espinha.
E armando sua cara mais gélida e profissional dirigiu-se para o homem que a fazia ferver de raiva, frustração e paixão.
Passou por ele, saudou-o, e embarcou em silêncio.
Ao menos ele ficou sério quando a saudou. E mais bonito também.
love___by_celticbeauty_by_love































Comentários

Postagens mais visitadas