AS CRÔNICAS FANTÁSTICAS DO IMPERIO ALMEIDA–QUANDO NASCE UM VIGILANTE II

  vint_by_j_o_a_n
Algumas semanas depois, numa noite quente e sem luar, Alessandro andava pelas ruas vestindo um cobertor velho e ensebado feito como um poncho que enfiava por sobre a cabeça. Camadas de trapos revestiam seu corpo dos pés a cabeça. Andava apoiado em dois bastões de andarilho. Na camiseta que aparecia sob os trapos lia-se “Eu tentei”. Estava preparado para ação e testava seu difarce.
Um simples mendigo fedorento. Porém, caso alguém analisasse demoradamente os bastões, descobriria que não se tratava de um mendigo qualquer. Não passaria despercebido seu formato estranho, com curvas suaves e simétricas. Apesar de sujas e camufladas como bastões de andarilhos, a simetria forçaria esse observador e ir mais fundo e sua análise. Saberia que não se tratava de um mendigo qualquer, pois perceberia a textura do chifre de veado do qual eram feitos seus bastões.
As curvas serviam de bainha para duas lâminas. Uma combinação mortal. Pressionando da maneira certa a bengala no chão, a flexibilidade orgânica do chifre agia como uma mola, liberando katanas de carbono afiadíssimas. Alessandro havia criado o disfarce e desenhado e construído ele mesmo os bastões, aproveitando as bengalas da coleção de bugigangas do pai. O Império Almeida cuidou de fabricar as lâminas sem questionar. Afinal ele era o Dr. A.
Apenas sentia falta de um sistema de comunicação. Pensave em projetar um sistema que interceptasse as comunicações da polícia, empresas, gabinetes de políticos, presídios.
Tudo. Queria saber tudo. Queria escolher e controlar. Triste ilusão. Os nanorobôs implantados em seu cérebro reagiriam conforme as necessidades de sua diretriz primária. Superariam a consciência de Alessandro, caso necessário. Mas não deixariam de indicar os alvos contidos em séu código alfa-hexadecimal.
Oh, sim, Alessandro poderia escolher. Quando o alvo não interessasse a Musk II. E sua primeira incursão foi considerada uma experiência neutra pelas I.A. dos bots. Estavam inativos. Nenhuma diretriz impedia ou estimulava o que Alessandro fazia esta noite.
E Alessandro, estava dominado pela emoção da caça. Havia encontrado o disfarce perfeito. Movia-se encostando-se nas paredes, cheirava mal, mantinha os olhos sombrios observando tudo sem ser notado, ou quando visto, era uma visão desagradável. Podia sentir a pressa das pessoas para prosseguir suas vidas, e esquecer o repugnante mendigo que cruzara seu caminho numa noite quente e sombria.
Nada mais próximo da invisibilidade.
invisible_grin_by_alallin-d38415z










Comentários

Postagens mais visitadas