2047– SOB O DOMÍNIO DE ESLON MUSK II–SATURNÁLIA

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Esmagada como as flores. Pétalas esquecidas na sarjeta mal cheirosa da rua mais sórdida da cidade, Saturnália prepara-se para o natal. Hoje tentará compor-se, dar um pouco de dignidade aos seus trapos de mendiga para receber o menino Jesus no presépio controverso de Musk II.

Mas compor-se é uma palavra que ela não podia obedecer direito, embora contivesse o exato significado do que gostaria muitíssimo de fazer. Aprendeu-a quando empregada de uma gente granfina e fresca que “compunha-se” para cada refeição, onde já se viu? Uma roupa simples e confortável para o café da manhã? Lá ia Saturnália fazer a “composição”, passar a toalete matinal da madama, dar o nó na gravata do patrão que, por mais que se esforçasse, não o conseguia fazer, achar a bermuda do colégio do Pedrinho, o top perdido da Patricia. Naquela época, Saturnália desprezou profundamente a expressão compor-se.

Chamava-se Taina, então, e não havia ainda a estrada para Saturno, não havia Eslon Musk II em sua vida, ela não precisava compor-se para nada, todo o dinheiro que ganhava, pouco mas seu, podia gastar como quisesse. Não que fosse gastar algo com o que não queria. Descontada a parte que mandava para a família em Marte, o que restava, torrava como mandava sua cabeça de 19 anos. Um dia porém, os créditos hash 3,7 em muskcóin, voltaram, sem mais.

A tragédia Marciana. A grande explosão do domo que sustentava a colônia terrestre em 2027, mal instalados os primeiros colonos. Sua família literalmente havia sido mandada para a estratosfera. Quando Tainá soube que a explosão acontecera devido ao manuseio clandestino de eletricidade alterada por torres Tesla clandestinas chinesas e vendidas em Marte como estimulantes neuronais bem como combustível para toda a frota da Tesla Motors, ela soube imediatamente que havia algo errado. Musk II nunca permitiria concorrência ilegal em seu monopólio de eletricidade.

Há muito comprara a China. Mandara-a inteirinha para Marte com a promessa de uma nova corrida do ouro, todos os clãs chineses organizaram dignatários plenipotenciários, e, numa cerimônia transmitida etéricamente através de todos os meios de comunicação binários ou não, no salão oval da então, Casa de Governança Branca do Plenipotenciário dos EUA a ONU conferiu a Musk plenos poderes para policiar o território chinês, bem como a concessão para utilização exclusiva dos satélites quânticos terrestres, Musk II cobrou da China que fosse para o espaço e lá ficasse.

--- Minha admiração pelo povo Chinês não esmoreceu apesar das reiteradas promessas de mudar sua estrutura geopolítica para Marte de uma vez por todas. Porém, é contra esta admiração que devo lutar hoje. Pois o nascimento desta admiração deve-se ao extremo discernimento do povo chinês ao optar, via plebiscito direto, ir embora da Terra de uma vez por toda. O povo chinês decidiu tornar-se cidadão estelar. Mas recusa-se a pagar o preço de viver a sombra do Cosmo infinito e de infinitas possibilidades. Muito bem tolerei. O povo chinês decidiu tornar-se o primeiro povo mundial com o cosmos como quintal e onde estavam os EUA, junto de seus amigos, garantindo que o sonho Chinês em Marte virasse realidade. Mas o que está acontecendo agora? O sonho chinês virou meu pesadelo. E o meu pesadelo tornou-se hoje o pesadelo do mundo devido à insensibilidade daqueles chineses que na Terra ficaram e que isolam seus irmãos marcianos chamando-os de marchinesianos e tratando-os como subhumanos. Muito bem China, veja o que os marchinesianos fizeram. Muito bem China, o mundo não mais terá pesadelos devido à sua ingerência.

Apresento à vocês o módulo Falcon XXL- China. Nave mãe com selo a vácuo, onde serão armazenada a biblioteca genética contendo a assinatura cromossômica da raça chinesa.

Será esta nave espacial que levará para Saturno o código genético modificado docemente desta indômita e moribunda raça, os chineses.

Pois esta noite, em respeito a cláusula pétrea afirmada com o première chinês Tao te King, a população chinesa inteira será erradicada via tempestade nuclear. O próprio Tao Te King manifestou a necessidade de sacríficio de sua raça inteira para participar da Nova Era Mundial que se anuncia com Saturnália, a nova ponte para Saturno. A ele, caberá receber este monumental rito milenar, segunda atração desta noite, que a partir de hoje tornar-se-á pelos poderes por mim conferidos pela ONU e pela Confederação Estelar Terrestre, julgamento, sentença e castigo, sem mais delongas sres e sras, Tao Te King, na Asa Viking.

Tainá viu tudo na rua, ao lado da multidão apinhada na Times Square. Viu o chinês chorar urrando maldições ancestrais enquanto lâminas high tech perfuraram sua carne, abriram sua caixa toráxica e alçaram seus pulmões para os ombros, enquanto no telão imagens fortíssimas de explosões nucleares na china sincronizavam-se ao som de Living on a Prayer do Bom Jovi.

Tainá percebeu que o mundo pertencia a Eslon Musk II. Assustou-se com os urros das pessoas `a sua volta ensandecidas em frenezis de prazer e orgia trepando, brigando, arrancando as roupas e babando em meio ao fogo e a dor indizível. Escapou da multidão e dirigiu-se a um dos postos de recrutamento. Vivia num mundo unificado e sem sentido. E a culpa era de Musk II. Se por um lado, ele unificou os sentimentos do Universo, por outro cindiu-a em dois. Ela o odiava e o respeitava. Desejava-o tanto que seus piercings pareciam latejar e inflarmar sob o fecho subcutâneao. Apenas não sabia se queria mata-lo ou ama-lo.

Musk II, que não era bobo nem nada, percebeu logo aquela criatura magnífica e singular pedindo carona à saída da Space X, com um cartaz molhado de ferormônios onde lia-se a provocativa frase: II ou XX quanto você aguentar, Eslon querido. “Brasileira como Jonas, pensava Musk, olhando para as curvas silenciosas da garota goianense, pois eis que Tainá era realmente uma meta-silvicula xâmanica de longa e incontável ascendência tupinambá. “Deliciosa, silenciosa, exótica, pernas grossas e flexíveis, meu deus veja esses músculos ágeis sob esta delicia de perna bem torneada em azeites de morenice” quando Musk passou por Tainá, teve uma gloriosa ereção seguido de um orgasmo que o levou aos píncaros. Foi quando soube que seria a grande volta. O próximo ciclo. O homem que desenharia os pilares do Paraiso.

Para Tainá, ele definiu um novo círculo do Inferno.

Tomou-a como primeira cidadã da Federeção Cósmica Terrestre, o que equivalia dizer, primeira concubina.

A Nova Maria Antonieta, pois era odiada.

Até que instituiu orgia publica involuntariamente ao declarar, nua, chapada de DMT natural, segundo as mais antigas tradições Tupinanbás, que:

---- Amo foder Eslon. Odeio quando ele fode com o mundo. Eu levo a culpa.

Tornou-se amada instantânemente por todos. Inclusive pelos New Times Readers.

Tainá era nossa Mata Hari e eu recebia todas as informações em 700K douby Ethereum hexadecimal surround através das 700 camêras de seus piercings conectados via SpaceKillerSideral Wirelles Web, a rede neural inteligente desenhada por Sir Willian Gibson.

Oh, sim, senhores, a queda de Musk II e sua canalha já estava sendo preparada há muito por Ávila, e agora, eu era parte disso. Com o maior prazer. clip_image001E minha pátria é vc, Tainá...

Só vc...

Perái, o que foi isso?

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                                                                clip_image004

--- Chamai-me Saturnália.

Cela213

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