AS CRÔNICAS FANTÁSTICAS DO IMPÉRIO ALMEIDA III–O DESABAFO DE JARVIS ROBSON

SebastianEriksson1

Mark I visitou Saturno, Júpiter e Mercúrio, antes de voltar definitivamente para Phobos. imediatamente abandonou o corpo de Martinium e sondou seus bots octaédricos.

Percorreu as telas holográficas insatisfeito.

Jarvis Robson observava-o mais temeroso do que nunca.

Que esperança poderia haver para gente como ele se algo deixara seu chefe, logo ele, quase onisciente a lá deuses antigos e novos, mas fruto de uma ciência misteriosa, ao mesmo tempo arcana, quântica e alienígena?

Havia se desconectado pela primeira vez desde que se considerava gente.

Para que...

Mais temor, receio, perspectivas que não conseguia entender, tudo vibrando em cordas múltiplas de camadas de sentidos, significados, um tufão de camadas, texturas, gamas de linguagens com ícones, símbolos e algoritmos que um ser normal, pois era assim que Robison considerava-se, alguém absolutamente normal, mais preocupado com a irmã que vai ao neurotentista protomolecular do que com o fim do Universo como nós o conhecemos.

Mas o chefe o enfiara no meio daquilo quando salvara sua vida.

E que sentido havia em sua vida além de retribuir o favor para um cara que não precisava de nenhuma gentileza como ele.

Estava só agora, nenhuma estratégia de mercado, nem planilhas de apoio, ou apresentações de resultados.

O Império Almeida rodava muito bem no automático, obrigado.

O chefe não estava nem aí mais para os negócios. Apenas incorporava as frágeis metastart-ups que tentavam costurar os restos das empresas de Musk II.

Devorava-as e as jogava no lixo.

Porém, nem mesmo o Império Almeida conseguia incorporar os métodos de segurança, protocolos de interrogatório e demais tecnologias exclusivas e horrorosas das milícias paramilitares de Musk II, agora encarregadas de manter a segurança dos cidadãos de todo o Cosmo Conhecido.

A violência corria solta.

Na Terra, os assassinatos subiam.

E Robison notou que a taxa de criminosos mortos subia na medida em que a de cidadãos como ele mesmo descia entre as vítimas da verdadeira guerra civil que acreditava estar acontecendo de maneira discreta nos piores becos de cada megalópole ou micropole planejada de seu planeta Natal.

Ele se importava. Porém o chefe...

Decidiu arriscar.

--- Obrigado por salvar minha vida.

Nenhum gesto do ser cintilante em faíscas antigravitacionais.

“Quer saber, foda-se”, pensou Robson.

Avançou e puxou todo o sistema octaédrico da tomada sub-etérica.

As luzes de emergência foram acionadas.

--- Ei cara, estou falando com você, sou seu relações públicas e estamos com sérios problemas. Não sei que merda rola aí pelo espaço sideral afora, mas lá, no seu e no meu planeta natal, a coisa está pegando fogo. Eu não sei ter medo de algo que não compreendo. Mas entendo de seres humanos e os temo mais do que qualquer coisa. E estamos nos matando como loucos lá embaixo, você não percebe. Musk II morreu e ganhou.

Se você não fizer nada, perdeu, imbecil. Não percebe, não, ô seu metido a Deus. Olha para mim. Eu sou um cara com medo. Todos estão assim na Terra. E você... Você é o responsável. De alguma maneira... e eu sei que você sabe. Então... Faça algo, cacete.

O Relaçoes Públicas Sideral de Primeira Ordem desabafou de uma vez e ficou esperando.

Houve um longo silêncio.

Os olhos do sintozoide flamejaram azuis.

O sintozoide o encarou friamente. A fúria desaparecera. Estava longínquo.

Inumano. Como quando o conhecera.

Pousou a mão no ombro de Robison.

Tomou-lhe o plugue da tomada da mão e reconectou o sistema.

Depois, com um gesto, reconectou o Relações Públicas a Cosmic Wild Web.

--- Muito bem, Robsom. Vamos trabalhar nisso. Precisamos de naves, frotas, cruzadores, bombardeios, porta-caças siderais e destroyeres. Compre todas as ações das fragmentadas HiperSpaceEx de Musk II. Venda todas as ações de nossas subdisidiárias espaciais. Elas só existiam por causa da concorrência. Incorpore todas. Use todos os metacontadores disponíveis no mercado. Realoque executivos. Sonde talentos. Use todo os fundos acumulados nesses dois anos ociosos. Movimente o capital rumo ao espaço. Nós vamos colonizar um planeta novamente. Vamos invadir L.A.R, o planeta do Judeu Errante.

Faça o que for necessário.

O que for além, deixe-me saber.

Ao trabalho.

E Mark I voltou-se para o Aquário de neo cristal de Murano. O cérebro estava vivo. Mas o monitor onírico marcava zero. Não havia atividade cerebral.

Impossível.

A não ser que...

E Mark I começou a preocupar-se seriamente com o que havia acontecido com o mercado fragmentado de empresas do espólio de Musk II.

Almeida estava a solta em algum lugar.

Zeboim

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