QUE VÁ–A CIDADE IV

 

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Dinheiro iraquiano na bolsa de um advogado brasileiro

Bolsas tremendo nas bases

Brasileiros fogem da Bolívia

Autoridades italianas censuram o sexo das estátuas

Com cortinas de ferro.

Histeria.

Enquanto isto um bêbado me fala que não aceita o igual

E pede “um” Brahma.

Castas hindus dançam em sua cabeça.

Estou longe e solitário

Onde, sei lá.

Mas não quero voltar

Autoridades maiores gritam em meus ouvidos:

No panic, No panic...

Em São Paulo corpos congelados descobertos num buraco de viaduto

Reflexos cruzam as ruas em silêncio.

O bêbado me diz que médicos serram a cabeça do Ari neste momento,

Gira de um lado para outro

como se quisesse acompanhar o movimento do mundo

Mas tudo gira

Meada sem fio, ida sem volta

No terror inebriante dos telejornais

No panic, no panic

Brahma a mais, Brahma a menos

Ele se senta e me pergunta

Se eu conheço o Ari.

Nego.

Ele se volta para a TV

Apresentadoras de telejornais

chicoteando a câmera numa meia-noite qualquer.

Ele me desce uma lambada com o rabo do olho.

“Este mundo é uma puta velha e cara”,

“Tou cansado de pagar e não gozar.”

No panic

It’s all right.

Very nice pra xuxu

Pergunto quem é o Ari.

Ele não diz nada por um bom tempo.

--- Todo mundo é Ari, véio.

Tem sempre um treco

Serrando teus miolos.

Longo olhar no dourado borbulhante do copo,

Enquanto compõe os olhos cheios de lágrimas.

Logo a seguir pediu pinga num copo descartável

E pirulitou-se no começo da madrugada.

No panic.

O mundo continua girando,

Sem nenhum pudor.

 

ARTE BEBADO

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