VIDEOGAME, CINEMA, CAPITALISMO E VIDA. UMA REFLEXÃO…

 

 

 

 

 

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Desde que me lembre, sempre fui fascinado por videogames e Cinema.

Um fascínio pelos dois que beira o medo...

Hoje em dia eles são tão realistas que quando nos damos conta, estamos imersos em sua narrativa ou em sua jogabilidade.

Então quanto mais fascinante sua história mais queremos ver ou jogar, ou, ainda, quanto mais imersiva o modo como se conta a história, mais tempo passamos vendo e jogando.

Só que com o videogame...

Diferente das outras mídias audiovisuais, a interação, é mais que uma imersão. Está mais para uma abdução do que qualquer outra coisa.

Somos arrancados desta realidade e lançados na realidade do game.

Nus e crus somos chamados a vivenciar a experiência da jogatina eletrônica como quem vem ao mundo num parto.

Sem saber direito o que vai encontrar...

Encarando pela frente, como única luz, o benefício da dúvida, a curiosidade e a vontade de seguir em frente pelo caminho sem saber onde vai dar.

Tanto na vida como num universo aberto de videogame.

Este é um conceito Heideggeriano, mas que condiz bem com qualquer videogame contemporâneo.

Quanto mais próximo da vida, melhor.

E na vida, somos lançados sem recursos e, à medida em que por ela viajamos aprendemos suas manhas.

Assim é no videogame.

Quase uma educação para a vida.

Digo quase mas quero dizer que é uma educação para um tipo de vida.

A capitalista selvagem.

A mecânica do videogame estimula à competitividade extrema. Estão aí os jogos onde a Battle Royale, o combate extremo até que reste apenas um sobrevivente e ganhador, é de extrema popularidade.

Entre os pré-adolescentes.

Os mais velhos preferem jogos mais complexos envolvendo missões e desafios mais elaboradas. Ou simplesmente jogos nostálgicos.

Formam equipes, grupos, assistem vídeos instrutivos sobre um game específico.

Não sossegam enquanto não zeram – finalizam – o tal game.

Eles precisam não apenas competir, mas serem vitoriosos.

E é isso que alimenta a indústria.

Além dos games, vende-se, dentro dos games, artefatos, armas, montarias, armaduras, carros, uma infinidade de itens que conferem mais poder – outro elemento importante do capitalismo canibal – ao seu personagem e, portanto, mais chances de vitória.

Quando alguém diz que vicia-se em um determinado game, tem-se o mesmo peso de quem diz que se viciou numa série.

Ou mesmo, por que não, numa droga pesada.

Porém o poder do videogame é muito maior do que qualquer meio audiovisual.

E como droga há que ainda ser muito estudado, mas isso é outro papo.

E, temo, porém não posso afirmar com certeza, que o videogame é muito mais influente do que se pensa.

É que a indústria do entretenimento audiovisual está mudando suas prioridades.

Talvez hoje em dia, pense-se primeiro no produto-filme. Depois vêm a história. Depois de lançado o produto-filme e depois de seu sucesso, numa franquia, filme ou série. Lança-se o videogame, já reparou?

Avatar, O Caminho das Águas é uma evidência disso.

Pois, em determinados momentos o filme parece-se muito mais com um game do que com um filme propriamente dito.

E hoje é um dos videogames mais aguardados do ano.

E um dos mais caros.

E, sinceramente, decepcionantes...

Entendeu como funciona a coisa?

Business, my friend, Business...

Por isso que um console é essa fábula de dinheiro que se gasta e as mídias contendo o game também.

Mas, por outro lado, acho um pé no saco pagar umas 50 pilas para ir ver um filme banbanban. Fora pipoca e acessórios indispensáveis que elevam a conta à praticamente o dobro ou, ás vezes, mais.

Prefiro ver em casa e pausar quando me der vontade ou na paciência mesmo.

Pois não tenho mais paciência para a burrice do cinema main stream, infantilizado ao máximo, mas sem ser infantil.

Aliás, a Disney, é um exemplo desse fenômeno de infantilização burra do audiovisual.

Nada lá me agrada.

Uma verdadeira celebração do mal gosto, da repetitividade, da ganância e da preguiça.

Em Ashoka, que vi em respeito à Star Wars, sou como o velho Jedi que se une ao vilão e diz que o quer é quebrar o ciclo.

Essa eterna batalha que era tão vibrante, criativa e crível e hoje tornou-se monótona, pastel e absolutamente impossível de acreditar.

Ou vc pensa que baleias com tentáculos viajando à velocidade da luz é realmente algo que se pode crer?

AFF...

Não mesmo à obrigação de ficar lá no cinema ou na tv prestando atenção em filmes que geralmente são franquias, excessivamente caros e pouco criativos em direção e roteiro.

Sinceramente...

Hoje lembro muito mais de bons cineastas mortos do que vivos.

E não me canso de me espantar com a complexidade dessa nova mídia.

O tal videogame

Mesmo capitalista selvagem como é, ela me remete à vida, ao novo.

Filmes e séries, com raras exceções, ao que já vi, me dão a impressão de velhice capenga.

Caindo das pernas.

Portanto, fecho com Novalis:

É tempo de Saturnálias. Quem não for jovem que se retire.

Bye cinema, filme, streaming e séries...

Quando vejo é como pano de fundo p fazer outra coisa, quase um ruído branco.

Porém...

Hoje em dia posso gastar fácil duas horas e meia num bom game como World of Warcraft.

É até terapêutico. Muito.

Já superei vários medos jogando Warcraft. Em suas batalhas multijogadores, suava, gemia, respirava como um tarado, tinha quase vergonha de estar passando por tantas emoções num videogame.

Hoje penso diferente.

Saquei a catarse psicológica que existe na morte, ressureição e consumo que há num videogame. Lá, no game, você conversa, comunica-se interage com outras pessoas além de jogar.

Você torna-se, caso souber dialogar e jogar, senhor de seu destino.

Você aprende, apesar de receber vários xingamentos e discussões. Mas faz parte.

Em todo o caso, o game é ativo.

Mas aguentar a imposição passiva de ver e não interagir de um filme visto num cinema, ou mesmo maratonar uma série, já não tenho mais paciência.

O capitalismo está aí e adora consumir o que é fraco. O Videogame sabe. O Cinema também.

Mas, nestes tempos contemporâneos em que vivemos, o poder de fogo do videogame é bem maior, como espero ter esclarecido aqui.

E bem, adivinha quem se tornou o mais fraco nessa relação?

Filmes e séries.

Que precisam se reinventar não só em termos comerciais.

Pois obsoletos já estão...

E o que é obsoleto, logo é extinto.

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