Palavra Por Palavra

Há muito sonho em ser escritor. E se hoje estou sorridente nesta foto aí do lado, é porque estou conseguindo! Hoje em dia acordo as 4:45 da madruga para escrever. E minha novela de terror barato já está com 78 páginas. Se está bem ou mal escrito, sinceramente, não importa.

É melhor escrever algo do que não escrever nada.

Esta é a primeira lição. Escreva primeiro, analise depois.

Isto porque gostaria de compartilhar com quem quer escrever os resultados de uma longa viagem pelos meandros das técnicas de criar, estruturar, editar e publicar textos.

Primeiro minha experiência pessoal: quando resolvi botar a mão na massa de verdade, saquei que havia esquecido todas as técnicas que um dia aprendi na minha especialização em roteiro. Elaborava estruturas, diagramas, criava personagens e fios narrativos, mas na hora de encarar as palavras, nada!

E o que é pior. Relendo o blog, saquei que não gostava do que escrevia. E meu material deve ser ruim mesmo. Enviei um livrinho de poemas para três amigos pelo messenger, caras bem mais versados do que eu em literatura. E nunca mais falaram comigo. Rá-rá, belo poeta sou!

Então tive que recomeçar a partir do zero. Mandei as favas a poesia. Num momento de cruel epifania lógica, analisei friamente os textos aqui do Curupira Ranzinza. Vi que eles tem uma pegada de histórias de terror. O que é natural: desde moleque amo o gênero, nos longínquos anos 90, escrevi um livro de poemas undigrudi de terror e invejo francamente os caras que fazem o programa Cinelab do SyFy.

Então era terror. Mas o que? Não foi difícil. Nunca me esqueci de um livro chamado  O Fantástico na Ilha de Santa Catarina de Franklin Cascaes. Mais particularmente a figura do Boitatá. Olha ele aqui ó:

Bicho feio, né. Pois é.

Então, parti pro Brainstorm. Tempestade Cerebral. Nada mais é senão o Caos de onde surge a ordem produtiva, no caso o seu texto, seja prosa, poesia, TCC ou trabalho escolar. Apenas escrever o que lhe vier a mente. Sem censura. Depois organize seus pensamentos. O resultado será um mapa mental.

E aqui entra uma dica bem High-Tec. Um programinha chamado Scapple. É simplesmente fantástico e fácil de usar. Abaixo vai um imagem de um dos meus brainstorms como exemplo:

Perdi meses buscando um link para baixar a versão full do Scapple e como estou bonzinho hoje, vou dar de mão beijada. Abaixo, o link para baixar.

 

http://www.torrentmobo.com/application/109971-literature-latte-scapple-for-windows100-portable.html

 

Muito bem, brainstorm feito, história traçada, tratei de estrutura-la.  Procurei reaprender como se faz para montar uma historia. O ideal é fazer outlines.  Escrever numa linha o que vai acontecer numa cena. Rápida e objetivamente. Por exemplo, Kung Fu Panda:

1- Po sonha que é um grande lutador de Kung-Fu

2- Po acorda e encara a realidade: trabalha junto com o pai vendendo Noodles.

3- Po quer ir ao festival que definirá quem é o Grande Dragão.

4- Seu “Pai” não deixa

5- Acontecimentos cômicos levam Po ao festival.

6- Po acaba, involuntariamente, tornando-se o Grande Dragão.

Daí vamos desdobrando-as em mais e mais linhas, triangulando personagens, ações e cenas. Existem vários métodos, planilhas, livros, dicas sobre isto. Só que cada um é cada um e comigo não funcionou.

Parti pro método do Caboclo que esculpe um Jacaré. Ele pega um tronco de madeira, define o que é rabo e o que é focinho. E corta o que não for Jacaré. É assim que estou trabalhando minha história, Jonas e o Boitatá.

E, bem ou mal, está saindo. E ai de quem me diga que para escrever basta sentar e mandar brasa! Isto é um mito. Acredito na união do Swetwear (suor) e Software (programas). E estaria perdido senão descobrisse outro software chamado Scrivener. Experimente escrever longos textos separadamente no Word para depois edita-los num único documento . Você ficará louco, acredite em mim. No Scrivener, tenho tudo a mão. Textos, arquivos de pesquisa, imagens, vídeos. Tudo organizado e no alcance do mouse. Veja só

 

 

Na coluna a esquerda, ficam todos os capítulos já escritos. Na tela principal, um fichário. É só clicar no ícone texto perto do título da ficha que o editor de texto se abre, e pronto. Você pode criar vários fichários de acordo com sua necessidade: pesquisa, imagem, sons, vídeos. Tudo o que você precisar para escrever seu texto. Quando finalmente você escrever “Fim”, ele compila todos as partes num documento final sem perder a formatação. É fantástico. Mas quem quiser que busque no tio Google.

E por último, mas não menos importante, não largue do papel e da caneta. Ideias são voláteis e geniosas. Nunca se sabe quando e como aparecerão. E não existe celular nem tablet mais ágeis que sua própria mão movendo-se por uma página em branco.

E não há nada melhor no mundo do que o prazer da criação.

PS:

Se você se interessou pelo assunto, mande um alô pro Curupira. Estou querendo fazer uma série de posts sobre criação de histórias, fazer uma espécie de workshop online. O que acha?